Mercado externo é atrativo também para pequenas e médias empresas

Marcia Nejaim, diretora de Negócios da Apex Brasil.
Muitas empresas brasileiras não incluem a exportação como estratégia por acreditarem que se trata de um tipo de negócio complexo e, até mesmo, intangível. Em entrevista exclusiva ao caderno especial O MUNDO DOS NEGÓCIOS – Março/2017, a diretora de Negócios da Apex-Brasil, Marcia Nejaim, fala sobre as oportunidades que o mercado internacional oferece.
OMDN – No seu entendimento, por que tantos empresários brasileiros ainda têm receio de ingressar na exportação?
MN – A inserção do Brasil no mercado internacional ainda é pequena se comparada à enorme capacidade produtiva do nosso país. Somos a sétima economia do mundo, mas apenas o 25º exportador mundial. O que acontece normalmente é que como o mercado interno brasileiro é muito grande, o empresário acaba por concentrar esforços para atender a demanda interna e por vezes esquece de olhar para as oportunidades externas. O que a Apex-Brasil tem feito é mostrar que as opções não são excludentes. Temos trabalhado para mudar a cultura do empresariado brasileiro.
OMDN – Falando de empresas de pequeno e médio porte, existem negócios para elas fora do Brasil?
MN – Com certeza! O sucesso em alcançar o mercado externo é diretamente ligado à estratégia e ao planejamento da empresa. É fundamental que a exportação esteja inserida em uma estratégia de longo prazo, e não seja apenas uma ação pontual como resposta a uma eventual queda na demanda do mercado interno. Em 2016, por exemplo, quase 80% das empresas exportadoras nacionais eram de pequeno e médio porte. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), das 22,2 mil empresas exportadoras nacionais, 17.631 exportaram até um milhão de dólares.
OMDN – Qual você considera o maior obstáculo para o exportador iniciante? E como driblá-lo?
MN – A palavra-chave é planejamento e acesso à informação, tanto sobre os procedimentos necessários para exportar, quanto sobre oportunidades de negócios. É preciso, desde o início do processo, entender como funcionam os trâmites burocráticos de comércio exterior, quais os melhores mercados para os produtos da sua empresa, quais as especificações e barreiras para se acessar esses mercados, os melhores canais de distribuição, entre tantos outros. A Apex-Brasil tem um time todo preparado para apoiar as empresas iniciantes no comércio internacional.
OMDN – Na prática, o que um empresário precisa ter/fazer para receber apoio da Apex Brasil?
MN – O principal que uma empresa precisa ter para receber apoio da Apex-Brasil é vontade de alcançar novos mercados. Temos um leque de programas para cada etapa de maturidade da empresa. Para iniciantes, temos o Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), em que é feito um diagnóstico da capacidade exportadora das empresas. Em seguida, são propostas soluções para problemas técnico-gerenciais detectados em áreas como RH, adequação de produtos e serviços, marketing e comércio exterior. Também temos as ações de promoção comercial com a participação em feiras internacionais, missões comerciais e outros eventos. Por fim, a empresa que está mais madura e tem a intenção de se internacionalizar, pode contar com nosso apoio no desenvolvimento da estratégia para internacionalização.
As empresas contam também com os serviços dos escritórios da Agência no exterior, além da rede de Setores de Promoção Comercial, os SECOMs, formada por 104 unidades em 83 países do Ministério das Relações Exteriores, ao qual a Apex está vinculada.
OMDN – Qual mensagem você deixa às empresas com potencial e que ainda não vendem para o mercado externo?
MN – Exportar não é nenhum bicho de sete cabeças. Qualquer empresa pode buscar novos mercados no exterior. Basta estar preparada e capacitada para isso. As empresas que atuam no mercado internacional tornam-se mais competitivas também no seu mercado de origem, ganham conhecimento no exterior, diversificam fontes de receitas e base de clientes. Acima de tudo, a exportação deve ser parte de uma estratégia de médio e longo prazos e não ser apenas uma solução pontual.
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