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ENTREVISTA: A VISÃO DA CHINA SOBRE OS NEGÓCIOS COM O BRASIL

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Wang Xuguang, executivo chinês que faz negócios com o Brasil.

Por: Renan Medeiros

Sediada na cidade de Zhengzhou, a empresa onde trabalha Wang Xuguang é uma companhia estatal gerida diretamente pelo governo chinês, criada há 36 anos. Desde o início, é a maior exportadora de abrasivos e derivados do país asiático e, atualmente, uma das 500 empresas com maior faturamento no mundo.

Wang é gerente de engenharia de uma subsidiária da estatal, voltada à produção para o mercado externo e atua diretamente no comércio com parceiros no Brasil. Dessa experiência, passou a conhecer profundamente as nuances que envolvem a relação entre os dois países.

OMDN: Quais são as maiores diferenças entre os dois países?

WX: Como herança da cultura europeia, o Brasil é fortemente influenciado por conceitos como utopia e idealismo e a transformação da realidade é uma grande preocupação. A cultura oriental, principalmente a chinesa, é mais pragmática e aceita a realidade como ela é.

A sociedade chinesa é mais coletivista e o grupo sempre prevalece sobre o indivíduo. Na China, as pessoas estão dispostas a colocar o bem do grupo acima do bem próprio. A sociedade brasileira é mais focada nos indivíduos.

OMDN: Como isso acontece na prática?

WX: Na China, os relacionamentos são construídos por meio de jantares muito demorados e, às vezes, leva-se muito tempo para conhecer bem a outra pessoa. No Brasil é diferente. Apesar de fazer refeições juntos ser importante para os brasileiros, isso não chega a ser tão significativo quanto para os chineses.

Algo interessante também é a troca de cartões. Para nós, é algo bem mais “solene” do que no Brasil, onde é apenas um jeito de trocar informações.

Na China, olhar nos olhos da outra pessoa é um desrespeito. No Brasil é um sinal de honestidade. Enquanto os brasileiros apertam mãos mantendo contato visual, muitos chineses vão olhar para o chão nesse momento. E algo que as duas culturas têm em comum é que os dois povos são muito amigáveis.

OMDN: Como é a sua relação com as empresas brasileiras?

WX: Somos muito amigos dos nossos clientes brasileiros e nos conhecemos bem. Mas, na hora dos negócios, os dois lados passam a tratar o assunto com seriedade, tentando o máximo possível defender os próprios interesses. No entanto, todo esse esforço é para conseguir uma cooperação mais eficiente e benéfica para ambas as partes. Por exemplo, o estabelecimento de uma taxa de câmbio para os negócios de longo prazo é baseado na confiança mútua.

OMDN: E com relação à região sul?

Nós visitamos muito o Brasil e nossos clientes visitam a China também. Mesmo assim, devido às diferenças culturais, ainda não temos familiaridade com muitas coisas brasileiras. O Marcelo Raupp e o Renato Barata Gomes, diretores da UNQ Import Export, desempenham um bom papel como ponte, não apenas para nos ajudar a desenvolver o mercado e os relacionamentos, mas também para apresentar novas oportunidades de negócios e sanar dificuldades na comunicação com os clientes. Eles fazem bem este trabalho porque são brasileiros e, às vezes, conhecem melhor do que nós as demandas dos clientes. Eles se comunicam com eles de forma mais adequada e fazem visitas em nosso nome, ajudando a entender o que pensam e tornando o nosso trabalho mais eficiente.

OMDN: Existem estereótipos que os brasileiros têm dos chineses e que é equivocado?

WX: O principal é sobre os produtos chineses. Muitos pensam que são baratos e de má qualidade. A verdade é que a qualidade e o preço das mercadorias são relativos. Em outras palavras, a China tem bons produtos e precisa de bons preços para se adequar ao que as empresas precisam. Mas não se pode simplesmente pagar barato por alta qualidade.

OMDN: E você tinha algum estereótipo sobre os brasileiros?

WX: Antes de ir ao Brasil, eu pensava que os brasileiros não trabalhavam duro, que eles ficavam o tempo todo de férias e descansando. Assim que cheguei ao país, mudei minha percepção. Os parceiros brasileiros com quem trabalhamos amam o trabalho e lidam com muita seriedade no serviço. E eles sabem muito bem como equilibrar trabalho e família.

 

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