CASE – Importação como diferencial
Vantagens da compra no mercado externo vão além da redução de custos
Há 45 anos, surgia uma das marcas de vestuário mais representativas da região. Foi com o perfeccionismo de um alfaiate, o Seu Jorge, como era conhecido o fundador, que a empresa produziu os ternos de toda uma geração. Hoje, os trajes continuam sendo fabricados e comercializados com base nos conhecimentos deixados e alcançam quase todos os estados do país.
O atual presidente da empresa, Jorge Luiz De Luca, filho do fundador e participante ativo desde o começo das atividades, lembra as dificuldades passadas. “Meu pai conhecia muito o produto e era um vendedor nato. Ele viajava por todo o estado com a minha mãe Esmeralda vendendo seus produtos, pois os representantes não conseguiam fazer com a mesma eficiência”. Por aqui, o filho trabalhava dia e noite para suprir a ausência do pai. “Meu pai sempre falava que a empresa ia ser grande e dependia de todos os esforços da família no começo. E o sucesso aconteceu naturalmente por toda a dedicação implantada”, complementa De Luca.
Familiar
Apesar de o tempo ter sido favorável em alguns aspectos, quando as mudanças começaram a acontecer muito rapidamente, tornou-se também um adversário à continuidade do negócio. O perfil familiar dificultava a atualização de alguns conceitos que haviam funcionado no passado, mas que já não tinham o mesmo resultado nos desafios do presente. A concorrência tornara-se muito mais acirrada e o mercado muito mais dinâmico com diferentes e novas exigências.
Por essa característica, comum a muitas outras empresas da região, as experiências com importações eram esporádicas e sem continuidade. Aconteciam apenas quando uma oportunidade batia à porta ou quando não havia outra alternativa. Pela falta de planejamento, os resultados não eram satisfatórios. O tempo e o custo dos processos de importação eram em geral desconhecidos e o crescimento sacrificado pela falta de informação sobre o assunto.
Há quatro anos, no entanto, a empresa decidiu adotar o comércio exterior como estratégia para alavancar os negócios e incluiu no planejamento as oportunidades internacionais De Luca explica como este processo aconteceu. “Víamos a importação como um bicho de sete cabeças pelos problemas que já havíamos enfrentado como, por exemplo, atrasos de mais de 60 dias na aduana. A necessidade do mercado nos fez buscar capacitação para podermos usufruir dos benefícios da compra no mercado externo”. Assim, o paradigma foi quebrado e o comércio exterior passou a ser vantagem competitiva para driblar a concorrência e a crise.
Diferencial
Além de melhores custos alcançados na China e na Índia, a qualidade foi um diferencial encontrado. Conforme o responsável pelo setor de compras, Ricardo Pereira, “o custo da aquisição dos tecidos reduziu 50% e, para a surpresa da maioria, a qualidade aumentou significativamente”. Em geral, a matéria-prima para ternos não é produzida no Brasil e o produto importado é necessário para todos os que trabalham neste segmento. No passado, as compras eram feitas de fornecedores que funcionavam somente como distribuidores, importando e revendendo os tecidos. “Depois que começamos a importar diretamente, todo o conceito de produto é desenvolvido por nós, já que vamos direto à fonte e não passamos pelo filtro dos fornecedores. Além disso, conseguimos manter exclusividade na maior parte dos tecidos, diferenciando a marca no mercado de alfaiataria”, complementa Pereira.
A importância deste processo estratégico de internacionalização é ratificada pelo testemunho do atual presidente “Se não fossem as importações feitas com capacitação e planejamento, talvez, não estivéssemos mais aqui”. Hoje, a empresa importa 70% dos seus insumos com benefícios em custos e qualidade, o que proporciona competitividade para buscar novos clientes. “As exportações também fazem parte do nosso planejamento. Estamos estudando alguns mercados para entender como podemos atendê-los da melhor maneira, sem colocar em risco o mercado local e o fornecimento internacional continuado”.
Texto originalmente publicado no caderno O MUNDO DOS NEGÓCIOS. Para receber uma cópia, envie email para imprensa@unq.com.br.