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O Brasil é a próxima Grécia?

Na zona do euro, o acordo para um refinanciamento da dívida grega teve as primeiras exigências aprovadas ontem. Para certificar que a Grécia tenha mais condições de cumprir com suas dívidas, os credores exigiram 14 reformas administrativo-financeiras. Dentre elas, estão 1) o aumento de impostos ao consumidor para estimular a arrecadação; 2) A adequação no sistema de aposentadorias; 3) a privatização do setor elétrico; e 4) a criação de leis que assegurem “cortes de gastos automáticos” caso o governo não cumpra suas metas de superávit fiscal.

Embora tenham gerado algumas reações violentas de grupos anarquistas gregos, estas mudanças são, na verdade, ações que já deveriam ter sido tomadas há muito tempo. Para se ter uma ideia, a Grécia vem apresentando PIBs negativos desde 2008, acumulando uma queda de 26% no período.

Diante desta situação, é normal questionarmos se o Brasil não está indo no mesmo caminho. Analisando os números, no entanto, podemos perceber que há grande diferença entre os países. Hoje, segundo a Trading Economics, a dívida grega é de 117% do PIB. No Brasil, a dívida é de 58%. Além disso, no Brasil, não vimos o histórico negativo do PIB. Vimos, sim uma redução no crescimento nos últimos anos.

A maior autonomia na tomada de decisões no Brasil também é um ponto a favor, já que a Grécia depende do acordo dos países da União Europeia para assuntos comuns como, por exemplo, a emissão de moeda. Por fim, na relação com o FMI, vemos o Brasil sem dívidas desde 2005, diferentemente da Grécia que hoje é totalmente dependente.

Mesmo que longe da condição grega, o exemplo é bastante importante para o Brasil. As decisões tardias sobre o ajuste econômico e adminsitrativo levaram à situação atual de grande dificuldade. Hoje, as decisões devem ser dinâmicas como o mercado. A evolução tecnológica e as mudanças culturais demandam adaptações imediatas. Adiar as decisões de mudança, esperando que as coisas se resolvam sozinhas, é como empurrar a sujeira para debaixo do tapete. Em algum momento a sujeira vai aparecer com maior concentração e piores consequências.

Se precisamos ficar atentos com algo aqui no Brasil, portanto, não é necessariamente com a situação econômica, mas sim com o engessamento na gestão do nosso governo e a dificuldade nas mudanças necessárias.

Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

 

O autor

Marcelo Raupp

Marcelo Raupp

Negócios na Ásia

Sócio-diretor da UNQ Import Export. Administrador de empresas formado pela ESAG-UDESC e MBA em Gestão de Comércio Exterior e Negócios Internacionais (FGV, Brasil). Especialista em International Business (Holmes Institute, Austrália). Experiência de mais de 15 anos na área de comércio exterior. Amplo conhecimento dos potenciais da indústria chinesa e da cultura do país asiático, com mais de dez visitas de longos períodos à Asia para a realização de negócios internacionais nos mais diversos setores. Consultor empresarial em negócios internacionais desde 2009 e grande incentivador das oportunidades internacionais no país.

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