Muitos podem afirmar que a simpatia com os hermanos argentinos não é das maiores. A rivalidade no futebol dos anos 90 e a invasão das ‘nossas’ praias e estradas com uso indevido, influenciado pelo nosso tom possessivo, sempre mantiveram a maioria dos brasileiros com um pé atrás. No mundo dos negócios, no entanto, a Argentina tem demonstrado exemplos recentes para o Brasil com uma mudança significativa no cenário político e econômico.
Por que a Argentina é um bom exemplo?
Diante do cenário de falta de expectativa, a troca de presidente no final do ano passado, com uma postura mais liberal, foi o alento encontrado pelos argentinos na busca por melhoria na gestão pública e consequentemente de melhores condições de vida. As mudanças realizadas pelo novo presidente, Mauricio Macri, estão posicionadas em diferentes pontos na política e economia. Muitas delas diretamente voltadas ao comércio exterior.
Posições da Antiga Presidente
O controle cambial, com compra e venda regulada, impostos sobre exportação e barreiras alfandegárias sobre as importações, mesmo de cargas provenientes do Mercosul, caracterizavam uma gestão que caminhava para o isolamento. Em alguns casos, as mercadorias ficavam paradas mais de 60 dias na aduana, o que prejudicava os negócios, principalmente, para produtos perecíveis. Este protecionismo extremo, justificado no controle de inflação e no abastecimento interno, vinha gerando perdas de crédito no país da mesma forma como aconteceu na Venezuela, onde hoje as pessoas enfrentam filas para comprar itens básicos, como carne e pasta de dentes, e muitas vezes não conseguem.
As Mudanças no Comércio Exterior
O fim do controle cambial e dos impostos para exportação promoveu, de imediato, negócios de mais de USD10 bilhões que estavam parados. A adequação das licenças alfandegárias, implementadas pelo Governo antecessor, deve reduzir o tempo de trânsito das exportações Brasileiras para a Argentina. Essas ações reaproximam a relação com diferentes países para melhores negócios, o que não vinha acontecendo com a postura radical da antiga presidente. Além disso, essas posições permitem que o Mercosul evolua também nas suas relações bilaterais, principalmente, com a União Europeia. Naturalmente, isso beneficiará o Brasil.
Toda mudança demanda adaptação
Claro que a curto prazo alguns efeitos negativos acontecem, já que é um período de adaptação das mudanças. Na Argentina, vimos o dólar valorizar mais de 40% e as contas de luz aumentarem mais de 300%, já que o Governo atual cortou o subsídio da energia elétrica. Em primeiro momento, os cidadãos sentirão o peso da inflação, mas que, com o tempo, deve refletir positivamente no giro melhor da economia e do melhor direcionamento dos recursos públicos. Isso faz parte da mudança.
A Gestão em um Mundo Globalizado
A gestão dentro de um mundo globalizado deve focar nas vantagens comparativas, com negociações inteligentes, e não em uma falsa autossuficiência que leva o país à pobreza. Quando as coisas não estão funcionando de um jeito, é preciso iniciativa para mudar. Está aí um bom exemplo para nós brasileiros.
Por ora era isso! Na Zdrowie!
Marcelo Raupp