PRAIA ACESSÍVEL: despertando sorrisos pelo Estado
PRAIA ACESSÍVEL: despertando sorrisos pelo Estado
Sidney Campos Brandão, 64 anos, morador de Balneário Rincão, não possui o movimento do lado esquerdo do corpo devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), ocorrido em 1994. Maria Luiza Lessa, 75 anos, moradora de Criciúma, que veraneia em Balneário Arroio do Silva, ficou paraplégica aos 33 anos, após uma cirurgia para a retirada de um tumor na medula. Durante anos, eles, por suas deficiências, ficaram privados de uma emoção aparentemente é simples, mas que faz muito falta: um banho de mar.
Por 22 anos, Sid, como é conhecido, conseguia ir apenas à beira-mar molhar os pés, pois uma onda mais forte poderia derrubá-lo. “Observava o mar, e pensava que nunca mais iria poder entrar e tomar aquele banho. Sentir a água, a onda e dar aquele mergulho”, lembra. Já para Maria, que é presidente da Associação Vida Ativa São José, foram 41 anos sem sentir as ondas. “Nunca imaginava que um dia seria possível voltar a tomar banho, porque sou um pouco acima do peso e fica difícil para alguém me pegar no colo”, coloca.
Foi então que em 2011, o projeto Praia Acessível surgiu e a vontade que ficava reprimida diante da impossibilidade, transformou-se em emoção. “Não tenho palavras para descrever. Foi uma emoção indescritível. Uma coisa é você ir ficar na beirada se molhando, outra é entrar e tomar banho”, comenta Sid, com orgulho de ter sido o primeiro contemplado na abertura do projeto. A emoção também contagiou Maria, que desde a primeira reunião acompanhou a iniciativa, que encerrou a terceira temporada no último final de semana. “Representa tudo de bom que podia ser feito. É uma das melhores coisas que aconteceram para nós. Quando me perguntam, sempre elogio e sempre vou elogiar”, fala alegre.
O projeto realizado em Arroio do Silva e no Rincão já serve de exemplo para outros municípios do Estado, como Imbituba, Balneário Gaivota e, mais recentemente, na praia de Navegantes, em Itajaí. “Para nós, é inaceitável pensar que alguém não pode ter acesso à praia, um símbolo de qualidade de viva. Por isso, ficamos entusiasmados com estas intenções em diferentes balneários e, claro, orgulhosos por termos levantado o tema”, comenta um dos coordenadores do projeto, Marcelo Raupp.
A busca por melhorias continua, já que a batalha não compreende apenas o acesso ao banho, através da cadeira anfíbia, mas a acessibilidade como um todo. “Imaginar que um cadeirante ligue para outro, combinando de passar o dia na praia é sensacional. Por isso, sempre falamos de proporcionar independência no acesso. As prefeituras precisam ter essa mentalidade de autonomia de escolha para as pessoas”, comenta Raupp.
A temporada registrou avanço em Arroio do Silva, onde duas esteiras foram construídas, uma na Zona Norte e outra na Zona Sul. “Onde a projeto acontece, no Posto Central, já existe uma rampa de acesso. Então fizemos uma a 150 metros norte, onde tem uma rua com que possui essa demanda, e outra na Zona Sul. Estamos buscando, com isso uma praia homogênea, para todos. Queremos que o veranista fique mais tempo aqui, prolongando a temporada de verão”, comenta o prefeito Evandro Scaini.
Agora, para Sid, é esperar a próxima temporada. “Já estou ansioso. É uma sensação maravilhosa você entrar e sentir a água no corpo, as ondas. Dar um mergulho”, afirma.
O Praia Acessível é desenvolvido pelo grupo de voluntários Ação Mais, 4º Batalhão de Bombeiro Militar, Bombeiros Comunitários de Criciúma, Cruz Vermelha Filial Criciúma, Defesa Civil de Criciúma e Polícia Civil, em parceria com as prefeituras de Balneário Rincão e Balneário Arroio do Silva, com o apoio do Vida Ativa São José, Judecri e Advisul.
Fonte: Jornal da Manhã