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O BREXIT e suas consequências para o mercado brasileiro

Passaram-se pouco mais de dois anos da data em que 52% dos Britânicos votaram para que o Reino Unido deixasse o bloco da União Europeia – decisão que ainda provoca muitas discussões a respeito de suas possíveis consequências. Mesmo com a sua vigência iniciando apenas no ano que vem (2019), algumas especulações políticas, econômicas e sociais já estão sendo feitas, inclusive em relação a como o Brasil e a sua população interessada nas terras da Rainha poderão ser afetados após estas mudanças e quais seriam as consequências do BREXIT para o mercado brasileiro.

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Implicações comerciais

Londres é um dos principais destinos que muitos brasileiros escolhem tentar uma nova vida como imigrantes (tanto legal quanto ilegalmente), devido às suas amplas oportunidades pessoais e profissionais, além de já ter uma comunidade brasileira considerável. Muitos vão para lá para aprender inglês e decidem ficar, enquanto outros já vão “de mala e cuia” com objetivos a longo prazo ou permanentes. Além disso, o Reino Unido é um importante parceiro comercial do nosso País. Todos estes fatores fizeram com que os brasileiros envolvidos com o bloco ficassem receosos em relação ao que o futuro os reserva com a concretização do BREXIT.

Segundo Carolina Pavese, doutora em relações internacionais da PUC-MG, um dos principais impactos a ser sentido, comercialmente, deverá vir da parte de empresas e empreendedores brasileiros que possuem o Reino Unido como o seu “QG” para trabalharem com o atual grupo da União Europeia, provavelmente levando a muitos destes se mudarem para a vizinha Irlanda.

Além disso, de acordo com Oliver Stuenkel, coordenador do MBA de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas, o Reino Unido possui um importante papel no acordo de livre comércio atual entre o Mercosul e a União Europeia. A partir da sua saída do bloco, muitas incertezas emergirão em relação a este acordo. Atualmente, o presidente Michel Temer está lidando com as atuais negociações entre os dois blocos sobre estas e outras questões.

Ainda assim, há conjecturas otimistas para futuros acordos entre o Brasil e o Reino Unido. O nosso país consiste no único integrante do G-20 que ainda não possui um mútuo acordo que objetive evitar a bitributação em negócios com o Reino Unido, e este é um dos tipos de acordo comercial que será priorizado pela embaixada brasileira nesse País. A primeira-ministra Theresa May corrobora com esta afirmação, argumentando que “a grande prioridade agora é vender o BREXIT como uma abertura ainda maior do Reino Unido para a globalização, para a consolidação de novos acordos a nível mundial”.

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O atual cenário é de muitas incertezas

Apesar de todas estas especulações, nada ainda está definido em relação ao que realmente acontecerá no ano que vem, quando o BREXIT começar a valer de fato e tiver passado esta fase de adaptação. Por enquanto, o atual cenário é de muitas incertezas, temores, insegurança e, para muitos, esperança. Com o passar do tempo novas conjecturas surgem em relação a este debate, mas o que será realmente efetivado apenas será descoberto em 2019. Enquanto isso, aguardamos.

A importância da pós-graduação na carreira profissional

É cada vez maior o número de profissionais com diploma de graduação que decidem continuar adquirindo conhecimento por meio de instituições formais. Os programas de graduação são desenvolvidos e organizados para, no fim do curso, o profissional formado ter conhecimento e habilidades que são considerados como suficientes para o mesmo atuar como um bom profissional da área. Contudo, muitos não se contentam com o que aprenderam neste período, buscando os conhecidos cursos de pós-graduação. Mas então, qual a importância da pós-graduação na carreira profissional?

Especialização, MBA, mestrado, doutorado, pós-doutorado… ufa! Quantas opções! Geralmente, profissionais que não desejam seguir carreiras acadêmicas optam entre as três primeiras opções. Mas, caso decida encarar este desafio, qual seria a melhor opção para mim?

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Teoria e prática: dois conceitos inseparáveis

Para lidarmos com situações práticas que encontramos no mercado de trabalho, é imprescindível possuirmos algum nível de conhecimento teórico (podendo variar de acordo com a sua área e posição de atuação). Mesmo com muito conhecimento ser possível de ser adquirido com a “mão-na-massa”, o que aprendemos por meio da educação formal (nas salas de aula, em casa ou virtualmente) também possui um grande valor para qualquer carreira profissional.

Durante a minha graduação (e tenho certeza que muitos se identificarão com esta situação), me deparei muitas vezes com conteúdos em que pensava “quando é que usarei isso na minha vida?” ou “mas isso é na teoria. Na prática deve ser diferente!”. Naquela época, por exemplo, pensava isto a respeito das aulas de Filosofia (por mais que as adorasse). Contudo, hoje em dia, vejo como foi importante aprender alguns de seus conceitos e correntes de pensamento (que atualmente vejo em maior profundidade), porque todo esse conhecimento ajudou a formar a profissional que sou hoje:

  • me ensinou a pensar,
  • a refletir criticamente sobre diversas situações com que me deparo no meu dia-a-dia,
  • a conhecer e respeitar diferentes opiniões.

Isso vale para todas as áreas de conhecimento. Não apenas para aqueles conteúdos que fogem do “tradicional” da sua linha de formação, mas também àqueles que possuem maior peso em determinados cursos (como, para a administração, as teorias organizacionais, marketing e finanças). Possuir um bom conhecimento teórico formará a base para que um bom profissional saiba lidar adequadamente com o que enfrentará no seu dia-a-dia profissional.

Especialização, MBA e Mestrado

OK, decidi que buscarei adquirir novos e mais aprofundados conhecimentos na minha área de atuação. Mas, qual opção de pós-graduação melhor atenderá aos meus objetivos?

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Os cursos lato sensu

A opção atualmente mais escolhida pelo profissional Brasileiro são os cursos de especialização, onde o principal enfoque metodológico é o de repassar conhecimentos (diretamente relacionados à prática) da área específica de interesse e atuação do profissional, além do mesmo geralmente buscar este curso para adquirir um diferencial no mercado, podendo ter recém começado a atuar nele ou não.

Os cursos de MBA (Master in Business Administration), traduzindo do inglês, “Mestrado em Negócios”, mesmo possuindo em seu nome a palavra “mestrado”, no Brasil se enquadram nos cursos de lato sensu (assim como as especializações), de caráter mais “prático”, enquanto os mestrados são stricto sensu (assim como doutorado e pós-doutorado), de caráter mais “teórico”, “acadêmico”.  Esta opção vem cada vez mais se tornando popular principalmente entre profissionais da administração no Brasil, sendo frequentemente:

  1. administradores com certa experiência no mercado, muitas vezes em cargos hierarquicamente mais elevados, que
  2. buscam adquirir conhecimentos sobre negócios (“business”) que os tornem melhores gestores e empreendedores, além de ser uma opção também muito procurada para
  3. expandirem suas redes de contato profissionais.

Nestas duas opções trabalham-se muito com estudos de caso, material didático altamente aplicado à prática e abordagens mais objetivas (quando comparadas às adotadas nos cursos de mestrado e doutorado, por exemplo). Estas duas opções também:

  • Possuem uma carga horária e necessidade de dedicação ao curso mais enxutos (sendo ótimo àqueles que não podem dedicar muito tempo diário para os estudos), com encontros mais pontuais e condensados;
  • Geralmente levam entre 6 meses e 1 ano e meio para finalização.

Uma opção stricto sensu

Outra opção são os cursos de mestrado acadêmico, que atraem uma mistura de alunos que desejam seguir/seguem carreira acadêmica (como professor e/ou pesquisador, por exemplo) e também aqueles que atuam em empresas, no “mercado”. Ao contrário da especialização e MBA, a abordagem adotada nestes tipos de pós-graduação são geralmente mais voltadas à academia, com a ampla utilização de artigos acadêmicos e livros teóricos para a construção de conhecimento.

Na área de administração, por exemplo, ainda é mantida uma relação relativamente próxima à prática (dada a disciplina em si), mas tudo isso variará de instituição a instituição, além desta relação ser muito mais modesta quando comparado este curso com os de especialização e MBA. Esta opção:

  • Possui uma carga horária e necessidade de dedicação ao curso altos (pode variar bastante entre cada instituição), com encontros (no ano de disciplinas) frequentes, em quase todos ou todos os dias da semana, além de uma carga de leitura e cobrança de dedicação altos;
  • É comum (e muitas vezes incentivado) que as pessoas se dediquem integralmente a esta opção de curso, dada a dedicação de tempo e esforço necessária;
  • Levam cerca de 2 anos para finalização.

Moral da história?

Todas as três opções oferecerão conhecimentos valiosos para muitos profissionais. Contudo, cabe a você entender quais são os seus objetivos, qual o seu perfil profissional, quanto tempo e esforço poderá dedicar ao curso, entre outros fatores.

É importante termos em mente que o mundo ao nosso redor está cada vez mais sofrendo mudanças repentinas e contínuas, o que também inclui o mercado de trabalho. Assim, cabe a você manter-se atualizado para acompanhar estas mudanças: por quê não por meio de uma pós-graduação?

Para onde se internacionalizar uma empresa considerando os aspectos culturais

Após o primeiro passo de decidir internacionalizar uma empresa, uma importante questão que exigirá cuidadosa análise é: para onde?

Dentre vários aspectos a serem considerados para tomar esta decisão, entender melhor as principais características culturais de um possível País de destino consiste numa variável vital para uma expansão internacional de sucesso. Mas afinal, por quê este aspecto é tão importante e o que devemos observar em dada cultura?

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Cada País possui normas sociais, cenários econômicos e culturas específicos a este ambiente, divergindo ou convergindo com outros Países em diversos graus. Isto impacta fortemente os seus mercados (como funcionam, o que buscam, etc.) e aqueles que pensam em fazer parte dos mesmos devem refletir conscientemente se esta é realmente uma opção estratégica ou não.

Se um produto ou serviço possui grande aceitação no Brasil, isto quer dizer que fará o mesmo sucesso em qualquer outra nação? E se em determinado País houver algum preconceito em relação ao que se procura comercializar? Ou será que os hábitos rotineiros de determinada população são similares aos nossos, público-alvo deste produto ou serviço? Será que gerenciar uma equipe composta unicamente por Brasileiros é o mesmo do que trabalhar com funcionários majoritariamente de outro País, enquanto atuando no mesmo?

Um dos principais autores a serem utilizados conceitos de cultura e aspectos multiculturais na área de administração é o Geert Hofstede e suas dimensões culturais. Por meio das suas seis dimensões, conforme a figura abaixo, ele facilita estes tipos de análises, podendo comparar diferentes culturas em seis diferentes (e, segundo ele, vitais) aspectos quando tratando-se do processo de internacionalização de empresas ou mesmo de negociações com empresas estrangeiras. São elas:

  • Distância do Poder (PDI)
  • Individualismo x Coletivismo (IDV)
  • Masculinidade x Feminilidade (MAS)
  • Aversão à incerteza (UAI)
  • Orientação de curto prazo x longo prazo (LTO)
  • Indulgência x retidão (IVR)
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Fonte: PINTO (2018)

Cada uma destas dimensões varia de 0 a 100, sendo 100 o maior nível possível de ser atingido. Por exemplo, organizações com alto nível de Aversão à Incerteza podem não receber muito bem propostas trazendo soluções muito inovadoras mas que não possuem mercado bem definido em seus Países (assim, havendo uma incerteza em relação a como será a sua aceitabilidade).

Além disso, possíveis parcerias podem ser perdidas caso ambas organizações difiram muito em seus níveis de Distância do Poder, havendo um conflito de interesses gerencial que pode ser fatal para este tipo de negociação.

Então devo fugir de culturas muito diferentes?

Mesmo com o fato de que grandes diferenças culturais são muitas vezes entraves para os negócios, sabendo lidar com esta situação de maneira adequada pode na verdade ser um grande ativo para a sua empresa.

Um caso pode ser observado na riqueza cultural que pode ser trazida para o quadro pessoal da organização, conforme discutido no meu último artigo, lembram-se? Outro está na familiaridade prévia com tais diferenças e similaridades culturais: uma vez sabendo o que está por vir e desenvolvendo uma estratégia bem definida de como lidar com tais diferenças, principalmente como exaltar o seu lado mais positivo, grandes benefícios poderão vir para ambos os lados.

Afinal, qual a conclusão?

Então, Busque o desconhecido, sim! Informe-se, estude, planeje. Caso a conclusão seja de que se encontrariam mais entraves do que benefícios, busque outras alternativas. Mas se, a partir deste cuidadoso planejamento estratégico, for constatado que esta improvável interação poderá trazer aspectos promissores, vá fundo (mas sempre com cautela, é claro).

Grandes resultados podem vir das fontes mais improváveis.

REFERÊNCIAS:

PINTO, Ivan. Aspectos culturais que interferem no processo de negociação com empresas chinesas. Acesso em: 26 abr. 2018.

O papel das pessoas em organizações internacionais

Empresas que operam em organizações internacionais (fisicamente ou não) enfrentam inúmeros desafios que não são encontrados quando apenas atuam nacionalmente, como choques culturais, diferentes lógicas mercadológicas, entre outras situações. Levando em conta a relativamente recente e crescente internacionalização de diversas empresas brasileiras, ainda existem muitas dúvidas em relação ao que está por vir pela frente e como lidar com estes desafios futuros.

Para que consigam prosperar nestes desconhecidos cenários, estes tipos de empresas devem saber utilizar, com inteligência, todos os seus recursos da maneira mais estratégica o possível. Com este fim, neste artigo discutiremos a importância da sábia gestão de um de seus mais importantes ativos: as suas pessoas.

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Expatriação de Executivos: saiba mais sobre esse fenômeno

É cada vez maior o número de pessoas que se mudam para outro País para trabalhar (por um certo tempo ou definitivamente). Enquanto uns decidem por se mudar por conta própria (conforme dito no meu primeiro artigo, lembram disso?), outros o fazem a pedido da empresa em que trabalham. Do lado individual, buscam-se novos desafios, experiências de vida e melhor colocação profissional.

Por parte da empresa, almeja-se cada vez mais a sua tão sonhada internacionalização, quando muitas vezes é necessário enviar seus melhores e mais confiáveis funcionários para que ocorra da melhor forma possível. Este fenômeno é conhecido como Expatriação de Executivos, e vem ganhando cada vez mais destaque no mercado e na academia, tendo em vista que o número destes trabalhadores globais vem cada vez mais crescendo nos últimos anos. Hoje entenderemos um pouco mais sobre dois importantes tipos de expatriados: os Auto-Expatriados e os Expatriados “Tradicionais”

Auto-Expatriados

São pessoas que vão trabalhar no exterior geralmente na busca de melhores oportunidades profissionais e qualidade de vida, candidatando-se para vagas em empresas “gringas” por conta própria. Este tipo de expatriados, comparados aos Expatriados “Tradicionais”, geralmente são:

● mais jovens
● menos experientes
● contratados por empresas

Expatriados “Tradicionais”

O tipo de expatriados mais conhecido, contudo, são aqueles trabalhadores que recebem da sua empresa uma oferta para trabalharem numa vaga da própria empresa em outro país. Eles são enviados para o exterior para apenas ficarem por um período específico, com o intuito de em seguida retornarem para a empresa em seu País de origem. Estes trabalhadores são geralmente:

● mais experientes
● possuem um cargo de maior hierarquia na empresa – muitas vezes de chefia (Peltokorpi, 2008)
● são oferecidos pacotes generosos para realizarem suas tarefas no exterior

O longo caminho pela frente

Apesar de ser uma estratégia potencialmente muito interessante, a realidade ainda é preocupante. Segundo Oliver Nakamura, sócio de capital humano da Ernest & Young, o perfil das empresas brasileiras que utilizam desta estratégia é mais “reativo” do que “estratégico”. Isto é, a maioria das organizações do nosso País expatriam seus executivos sem desenvolverem estratégia e planejamento apropriados para isto, comprometendo os seus resultados. É essencial que haja uma devida preparação não apenas por parte da empresa, mas também do executivo a ser expatriado (como preparação cultural, treinamento estratégico em relação às etapas da sua expatriação, etc.).

E então: vale a pena?

Para concluir, a expatriação de executivos ainda é uma relativa novidade para o mercado brasileiro, mas que aos poucos está firmando o seu papel e provando a sua importância para a expansão das nossas organizações. Antes de uma empresa investir nessa trabalhosa estratégia é importante que haja um devido planejamento (do antes, durante e depois) para buscar-se os melhores resultados.

O quão importante seria esta estratégia para a sua empresa? Já está na hora de dar este novo passo, ou seria um planejamento a longo prazo? Talvez essas respostas te façam perceber que talvez ainda seja cedo demais para se pensar nisso, ou talvez nem faça parte de uma futura realidade. Mas, caso seja: faça um bom planejamento e tenha uma boa viagem!