Quais são os benefícios de importar produtos inovadores?
Muitas pessoas fazem críticas à importação, como se esta gerasse somente danos ao desenvolvimento econômico de um país. É natural que um país busque vender mais do que comprar. Entretanto, principalmente em países emergentes, há uma série de gargalos que limitam sua indústria local. O ecossistema de inovação no Brasil, se comparado aos países desenvolvidos, ainda precisa melhorar muito.
Neste sentido, importar produtos inovadores permite que o mercado local tenha contato com produtos que não seriam possíveis, se dependêssemos somente da indústria local.
A importação como estratégia de desenvolvimento
Nesta concorrência global, cada país, através de sua soberania, adota condutas político-econômicas distintas.
- Há países que optam pela adoção de barreiras que limitem as importações.
- Outros, preferem a abertura de mercado, sem restringir a entrada de produtos importados, mas sim criando políticas de promoção à competitividade da indústria local.
A importação de produtos inovadores traz para o cotidiano nacional, oportunidades de transferência de conhecimento e tecnologia, a possibilidade de benchmark de produtos disruptivos pelas empresas locais, bem como a criação de novas políticas de pesquisa e desenvolvimento no país.
Japão, exemplo de superação através do investimento em inovação
O Japão, é um exemplo de país que utilizou a importação de produtos como parte da estratégia de recuperação econômica. Após ter sido devastado na 2ª Guerra Mundial, o país recebeu apoio financeiro principalmente pelos Estados Unidos , e criou uma política de investimentos em educação, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e na abertura de mercado. Desta forma, o país passou a ser um fornecedor global de produtos de alta tecnologia a preços competitivos, pois importavam produtos, aprendiam as novas tecnologias e posteriormente produziam estes produtos localmente. Estes pilares transformaram o país a partir da segunda metade do século passado e catalisaram seu desenvolvimento econômico.
O Brasil ainda é visto como país protecionista no cenário internacional
Por outro lado, o Brasil historicamente sempre utilizou o protecionismo como base da sua política de proteção à indústria local. Isso pode ser demonstrado, por exemplo, através do baixo número de acordos bilaterais e multilaterais dos quais o país é signatário.
Em relação aos acordos existentes, poucos foram realizados com os países ditos desenvolvidos. O medo da exploração dos países desenvolvidos é maior do que a oportunidade do compartilhamento e da transferência tecnológica que pode haver ao facilitar a entrada de produtos tecnológicos importados, que muitas vezes ainda nem são produzidos pela indústria brasileira.
Precisamos nos conscientizar que, mais importante do que criar barreiras aos produtos importados, precisamos promover a competitividade da indústria local através:
- reformas tributárias;
- investimento em educação de qualidade;
- políticas públicas de real incentivo à inovação;
- aproximação entre as universidades e o mercado no desenvolvimento de pesquisas científicas voltadas para as reais necessidades do mercado.
Importar produtos inovadores pode parecer um grande desafio mas se analisado através dos pontos citados, pode se tornar uma grande oportunidade não só para a sua empresa mas para o país.
O autor
Renato Barata Gomes
Inovação, Tecnologia e GlobalizaçãoSócio-diretor da UNQ Import Export. Engenheiro de Controle e Automação (PUCRS, Brasil). M.Sc. em Engenharia de Produção (Technische Universität Hamburg-Harburg, Alemanha). M.B.A. em Gestão Internacional de Tecnologia (Northern Institute of Technology, Alemanha). Experiência internacional de 6 anos na Alemanha, México e Estados Unidos, trabalhando na empresa ThyssenKrupp na área de projetos internacionais. Experiência gerencial na área de comércio exterior, desde 2006.Professor universitário na área de Marketing Internacional, desde 2006.