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Governo Federal aposta no Comércio Exterior para retomada do crescimento

Governo Federal aposta no Comércio Exterior para retomada do crescimento

Analistas avaliam medidas divulgadas na última semana

Ministro Fazenda Nelson Barbosa

Ministro Fazenda Nelson Barbosa

Considerada como uma das principais apostas para a volta do crescimento econômico do país, o Governo Federal divulgou na última semana medidas que envolvem benefícios ao Comércio Exterior. O Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, anunciou subsídios do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para incentivar a exportação.

Duas das principais medidas aumentam o prazo máximo de financiamento e mudam a proporção do custo financeiro entre a Selic (a taxa básica de juros) e a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). “A exportação desempenha um papel importante para alavancar a economia. E caso consigam tornar práticas, tais iniciativas devem auxiliar com êxito muitos negócios que dependem da venda de produtos no comércio internacional”, analisa Renato Barata Gomes.

O prazo máximo de financiamento passa de 24 para 30 meses. E a proporção do custo financeiro vai ser maior pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). “Mesmo faltando a aprovação da diretoria do BNDES, os encargos trazem vantagens às micro, pequenas e médias empresas. Hoje o custo financeiro pré-embarque é com base em 50% a Selic e 50% a TJLP. Com a mudança, essas companhias podem contratar o financiamento com 80% da TJLP, mais interessante, e 20% da Selic, além de taxa de 1,5% do spread bancário”, ressalta Gomes.

De acordo com estimativas, as mudanças podem injetar caso confirmado, cerca de R$ 4 bilhões em créditos na economia. Barbosa também anunciou que as empresas que contrataram empréstimos nas linhas do PSI (Programa de Sustentação do Investimento) e do Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos), ambas do BNDES, poderão refinanciar seus contratos com a suspensão do pagamento das amortizações por 24 meses.

Setor de confecção aproveita alta do dólar para elevar exportações

Setor de confecção aproveita alta do dólar para elevar exportações

Mudança no patamar do câmbio abre nova perspectiva no comércio exterior

Confecção - Exemplo

Os resultados mais positivos do comércio exterior já ficaram evidentes no ano passado. O superávit de US$ 19,681 bilhões foi o melhor desde 2011 e ficou acima do esperado, embora o número tenha sido impulsionado pela queda nas importações. “Esse ajuste externo em curso é um ajuste clássico como sempre ocorre em períodos de crise”, afirma Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria Integrada.

Ainda que tímidos, os efeitos da valorização do dólar ante o real já começam a se materializar em novas estratégias para as empresas, sobretudo do setor industrial. Com o novo patamar do câmbio, as empresas exportadoras esperam reconquistar e ampliar mercado externo. “O câmbio pode ser uma válvula de escape no curto prazo”, afirma Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. “O Brasil já teve essa válvula de escape mais forte no período em que tinha uma penetração em mercado externo maior”, complementa.

Movimentação

A região sul de Santa Catarina se tornou um forte polo no segmento de confecção. Tanto na venda direta como no modelo de Private Label, milhares de empregos são gerados. E o setor também aproveita deste momento da economia. “A alta do dólar pode aumentar os custos da produção. E a saída orientada pela assessoria em comércio exterior neste momento é de apostar na venda para o mercado internacional”, justifica Renato Barata Gomes, diretor da UNQ Import Export.

Com sede em Minas Gerais, a Cedro Têxtil reestruturou o setor de exportação e ampliou a representação em países onde estava ausente. “No passado, a exportação chegou a representar 15% (do volume produzido). Nos últimos anos, com a valorização do real, reduziu para 2%. A expectativa é pelo menos dobrar a participação em volume”, diz Luiz César Guimarães, diretor comercial da Cedro. A empresa produz denims, brins e telas em quatro fábricas em Minas Gerais.

Em todo o setor, as pesquisas da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) já apuram uma predisposição dos empresários brasileiros em exportar. Em agosto de 2014, 27% das empresas que não exportavam tinham intenção de vender os produtos no exterior. Em outubro do ano passado, esse índice ultrapassou os 80%. “Com o dólar estabilizado a R$ 4,00, a exportação supre também o decréscimo das vendas no mercado interno para o segmento”, finaliza Gomes.

Pagamentos Internacionais

Pagamentos internacionais

                No início das operações de comércio exterior, seja ela importação ou exportação, muitas pessoas se perguntam: Como vou pagar ou receber valores em moeda estrangeira? Tomando como exemplo a importação, existem diversas formas para se realizar pagamentos internacionais. Para montantes pequenos, é possível realizar o pagamento com cartão de crédito internacional, remessa de dinheiro como Western Union, ou pagamentos online como Paypal. Para montantes maiores, uma das formas mais simples é a transferência bancária internacional. Cada modalidade tem suas normas e regras. Por isso, é importante analisá-las e escolher a melhor forma de pagamento que se adeque a sua necessidade.

A transferência bancária internacional

                Por ser uma modalidade comum nas empresas que operam no comércio exterior, gostaria de detalhar um pouco mais esta modalidade. A transferência bancária internacional ocorre quando uma empresa no Brasil precisa realizar um pagamento, em moeda estrangeira, pela compra de produtos importados. Para realizar a conversão do real para a moeda estrangeira, precisamos realizar uma operação cambial, que é operada por uma mesa de câmbio em uma instituição financeira homologada pelo Banco Central do Brasil. A função da mesa de câmbio é fazer a gestão das operações cambiais, ofertando a cotação da moeda estrangeira, e posteriormente comprando ou vendendo as moedas estrangeiras para que a empresas possam realizar seus pagamentos ou receber ordens de pagamento do exterior.

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E na prática, como a moeda é trocada?

                Na prática, o correntista da instituição financeira não irá tocar fisicamente a moeda estrangeira. Após receber a cotação da taxa cambial através da mesa, e confirmar a operação de câmbio, o valor pago será debitado, em reais, da conta corrente do importador no mesmo dia do fechamento de câmbio, e será creditado na conta corrente do exportador, em moeda estrangeira, normalmente dois dias úteis após a data da operação realizada.

Existe alguma ferramenta financeira para minimizar a instabilidade do dólar?

                Como estamos acompanhando nos últimos meses em nosso país, a instabilidade do dólar tem promovido especulação e pânico nas empresas. Com o intuito de minimizar os riscos de exposição cambial e promover um melhor planejamento orçamentário, as instituições financeiras oferecem algumas ferramentas interessantes para momentos de turbulência econômica. Hoje, comentarei sobre uma delas, o câmbio futuro. Basicamente, neste tipo de operação, a empresa contrata a taxa cambial na data de hoje, mas o crédito ao exportador ocorrerá somente no futuro em um prazo acordado com a instituição financeira. Desta forma, o empresário já sabe qual o valor em reais será debitado de sua conta no futuro, independente das oscilações do mercado, garantindo maior controle orçamentário.

Risco Cambial x Planejamento Orçamentário

                É claro que muitos podem pensar: “Mas se no futuro o câmbio diminuir, eu terei prejuízo na operação!” É muito importante termos a consciência de que as ferramentas de minimização de risco cambial, não são criadas para garantir lucro nas operações, mas sim otimizar a gestão orçamentária dos empresários. Menos ansiedade, menos dor de cabeça e melhor planejamento!

Pouca Soja e Muito Câmbio

Com este dólar mais alto, alguns mercados têm demonstrado características interessantes. Para Santa Catarina, a soja é um produto importante e tem ganhado nas exportações com este aumento. Em reais, a soja superou produtos como motores e tabacos, ficando atrás apenas do frango nas exportações de Santa Catarina em 2015 com mais de USD227 milhões (até abril).

Mesmo com um preço internacional em queda, o aumento do dólar tem compensado e elevado os resultados das exportações. Desde 2012, o preço da soja na bolsa caiu quase 50%. Na outra ponta, o dólar valorizou mais de 60% no mesmo período. Ou seja, o produtor não tem vendido bem a soja, mas tem vendido bem o câmbio. Em geral, estima-se a perda de R$10,00/saca com a queda do preço e o ganho R$20,00/saca pela alta do dólar, o que faz a arrecadação da commodity ter valores representativos nos negócios do estado. No Brasil, para se ter uma ideia, 2015 é o ano que menos se vendeu em dólares. Entretanto, é o ano que mais se arrecadou em reais desde 2011. Resultados da queda do preço da soja e do aumento do dólar.

Soja

Um fator negativo, que é pauta periódica, é o problema logístico que tira a competitividade do exportador de soja brasileiro. Conforme a Confederação Nacional de Transportes (CNT), são necessários R$195 bilhões em 250 projetos para que haja uma adequação eficaz em todos os modais. Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa o 122º lugar em rodovias, que o nosso principal meio de transporte. A CNT ainda afirma que há uma perda anual de quatro milhões de toneladas de soja pela má qualidade do pavimento das rodovias.  Aqueles grãozinhos que caem no parabrisa do seu carro, caro leitor, representam parte desta perda. E, nesse caso, é de grão em grão, que a galinha tem esvaziado o papo.

Por era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

Vale mais apostar na loteria que na taxa cambial

O dólar seguiu a tendência de queda e recuou frente ao real nesta segunda-feira. O que temos percebido é que os dados econômicos americanos, embora positivos, foram superestimados pelo mercado no começo do ano. Com isso, há uma tendência de adequação no mercado global sobre a moeda americana. Além de recuar diante do Real em 1,2%, o dólar também recuou 0,93% frente ao Rand sul africano, 1,39% diante da Lira Turca, 0,17% em relação ao peso mexicano e 1,53% diante do rublo, a moeda russa.

Com isso, os analistas, que apostavam em um dólar a R$3,25 para o final do ano, já têm reduzido as suas expectativas diante deste taxa antes prevista. A nova aposta é para R$3,15, mas, como já observamos por aqui, algo totalmente imprevisível tendo em vista tanta variável mundial envolvida.

Basicamente, diante desta previsão, espera-se que o aumento dos juros americanos aconteça entre julho e agosto, que a Grécia consiga negociar sua dívida e consequentemente a manutenção na Zona do Euro, e o Governo Brasileiro consiga ter habilidade o suficiente para tratar todos os conflitos diante do ajuste fiscal, sem contar com novas surpresas que o mundo dos negócios pode trazer.

Vale mais apostar na Loteria do que na taxa cambial para o final do ano.

Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br