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O Executivo nos Negócios Internacionais

Texto originalmente publicado no Jornal A Tribuna, 14/09/2016, Criciúma-SC. 

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Muito se discute ainda se os efeitos da globalização são positivos ou negativos no mercado brasileiro. Por um lado, os pessimistas dizem que esta aproximação com os países é ruim, pois quando importamos produtos manufaturados reduzimos a necessidade de mão de obra por aqui, causando desemprego. Os otimistas, por outro lado, dizem que é positivo, já que a globalização não gera perda de mão-de-obra, mas sim uma adequação naquela existente. Ou seja, permite a capacitação e o condicionamento dos profissionais locais, o que de fato é uma verdade.

Transformando as ameaças em oportunidades

Mais do que analisar se é positivo ou negativo, é preciso assimilar que a globalização é uma realidade. Não há mais espaço para justificarmos uma falsa mão-de-obra escrava na China pelos preços que não conseguimos alcançar. É preciso transformar as possíveis ameaças da abertura de mercado em oportunidades. Afinal, a facilidade de comunicação e a aproximação comercial entre os países exigem que as empresas coloquem a importação e a exportação no seu planejamento estratégico como alternativa competitiva. Caso contrário, estarão fadadas ao atropelo das empresas com conceitos globais definidos.

Cultura Regional Enraizada

A região sul é bastante caracterizada por famílias conceituadas, de empreendedores natos, que formaram grandes impérios com o seu potencial de desenvolvimento de negócios. Pelo regionalismo presente, não é raro conhecer pessoas de gerações mais velhas questionando sobre o sobrenome, com o objetivo de encontrar alguma familiaridade. Esta cultura é muito interessante, pois torna nossas cidades mais aconchegantes. Porém, analisando pela ótica dos negócios, esse ambiente familiar distancia muitas empresas da profissionalização. É natural encontrarmos uma maior dificuldade, e até uma cautela em demasia na modernização daquilo que deu certo no passado. E talvez esta transformação é que esteja sendo a mais custosa nas empresas da região. A dificuldade de evoluir na cultura organizacional, em um mundo tão dinâmico, gera perdas muitas vezes irreversíveis.

Premiação estimula ideias de energia limpa

Além da cultura de empresas familiares, a região também sofre bastante com o atraso no desenvolvimento logístico. A falta de uma rodovia com condições de escoamento da economia e também de um porto estratégico no sul fazem com que a cultura internacional da região esteja bem atrás da cultura internacional da região norte do estado, por exemplo, o que tira certamente parte da competitividade das nossas indústrias. Se experimentarmos questionar uma criança de dez anos que mora em Blumenau sobre um container, é possível que ela dê detalhes sobre o mesmo, tratando de dimensões e utilidades. Já aqui, se fizermos o mesmo questionamento a uma criança de mesma idade, talvez esta nem saiba o que é um container. Isso, sem dúvida, contextualiza como podemos e precisamos evoluir na cultura internacional ainda.

Resultados de uma Oportunidade bem Aproveitada

O executivo atual, além da particularidade do seu negócio, precisa entender sobre finanças, contabilidade, qualidade, atendimento ao cliente, custos, dentre outras áreas, mas também precisa se dedicar à internacionalização da sua empresa. Nenhum negócio hoje está isolado do mundo. É preciso buscar nas ameaças do mercado globalizado e nas fraquezas da própria empresa, a força e o conhecimento para transformar em resultados as oportunidades eminentes.

O comércio exterior brasileiro após o impeachment

Muitas das ações do governo interino que até o momento estavam à espera dos direcionamentos políticos do país, tornam-se objetivos concretos do governo Temer, após o impeachment da presidente Dilma. É um novo governo com promessas de novas realizações. Cabe a nós brasileiros monitorarmos se as promessas se transformam em ações e cobrarmos caso elas não ocorram.

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Fortalecimento de acordos bilaterais, regionais e multilaterais

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, tem como meta uma maior inserção do país em mercados internacionais, fortalecendo relações comerciais tanto com países ditos desenvolvidos, quanto com países emergentes. Por isso, o MDIC trabalha na conclusão de acordos nos planos bilateral, regional e multilateral fortalecendo o comércio de bens, maior intercâmbio de serviços e padronização de procedimentos técnicos e administrativos.

Priorização no desenvolvimento com alguns países e blocos

Alguns dos países e blocos prioritários para o atual governo são Estados Unidos, México, Chile, Peru, Colômbia e a União Europeia.

Primeiros posicionamentos do Itamaraty após o impeachment

No ministério das Relações Exteriores, as primeiras declarações oficiais do ministro José Serra, foram lamentando as manifestações de incompreensão dos Governos da Bolívia, do Equador, da Venezuela e de Cuba sobre a conclusão do processo de impedimento da ex-Presidente da República. Podemos assumir que estes países dificilmente estejam na lista de prioridades do governo Temer.

Aceleração do Programa Portal Único de Comércio Exterior

O Programa Portal Único de Comércio Exterior é uma iniciativa para a otimização dos processos de importação, exportação e trânsito aduaneiro. O programa baseia-se em três pilares:

 

Integração: visa integrar 22 órgãos de governo com os intervenientes privados do comércio exterior tais como importadores, exportadores, despachantes aduaneiros, transportadores, etc.

Redesenho dos Processos: objetiva otimizar os processos de comércio exterior com a participação de todos os stakeholders do setor.

Tecnologia da Informação: informatizar os processos reformulados visando reduzir tempos de processamento, desburocratizar e reduzir a necessidade de papel nos processos de comércio exterior brasileiro.

Redução dos prazos médios de exportação e importaçãoCom a conclusão do Portal, prevista para 2017, a expectativa é reduzir em 40% os prazos médios de exportação (13 para 8 dias) e importação (17 para 10 dias).

Mitos e Verdades: “Não posso importar pois não tenho demanda para preencher um container inteiro”

O Comércio Exterior é uma área ampla e com muitas particularidades que nem todo o profissional atuante neste segmento tem expertise para lidar. Por isso, muitos são os casos de insucesso contados sobre importação e exportações. Com o intuito de esclarecer as dúvidas mais comuns dos empresários e empreendedores, preparamos uma série especial: “Mitos e Verdades sobre Comércio Exterior”. Confira o primeiro:

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MITO!

Quando se contrata o transporte marítimo para uma importação, é o importador quem decide como utilizar o container. O ideal é que o container venha com o volume máximo preenchido para que os custos fixos de importação (contratação do transporte, despachante aduaneiro, taxas alfandegárias, etc.) sejam rateados por uma maior quantidade de produto e, consequentemente,  o valor unitário da mercadoria nacionalizada seja reduzido. Mas se o volume desejado não atingir a capacidade total do container, o importador pode trazer qualquer quantidade, tendo sempre em vista o custo final unitário do produto. Afinal, a compra internacional pode ser vantajosa mesmo com a importação de pequena quantidade.

Container Consolidado

Uma alternativa que traz maior economia é o que chamamos de consolidação, ou seja, o agrupamento de várias cargas de diferentes fornecedores e/ou importadores num único container com o mesmo destino. Na prática, significa dividir o espaço do container com outros importadores. Os custos certamente serão reduzidos e o que se deve ficar muito atento nesta situação é com o tipo de carga que virá junto com a sua e com o prazo de entrega dos fornecedores para que a sua mercadoria não atrase por problemas com outras cargas.

Via aérea

Outra opção interessante é a importação via aérea. Caso o produto tenha alto valor agregado e não seja muito pesado, o transporte aéreo pode compensar. Além do fato de poder trazer pequenas quantidades, pelo modo aéreo sua carga chegará muito mais rápido.

Experiência

Seja qual for a opção escolhida, o primordial é ter ao seu lado um bom profissional de comércio exterior que possa calcular corretamente os custos de cada modal e auxilie na melhor decisão. A UNQ Import Export tem know-how e experiência para ajudá-lo em todas as etapas dos negócios internacionais. Entre em contato conosco!

Os Portos de Santa Catarina

Toda análise de qualidade parte de um parâmetro. Tudo que é bom tem o ruim para ser embasado. E em termos globais, com o grau de concorrência intenso e uma demanda ainda insegura, é preciso dos detalhes tirar as vantagens competitivas. Na questão logística não é diferente. O empresário brasileiro sofre com as dificuldades encontradas e com a falta de expectativa dos investimentos públicos. Os portos brasileiros deixam bastante a desejar se comparados com os principais do mundo. O tempo de liberação das importações e exportações, a limitação de equipamentos de movimentação e a falta de capacidade de receber navios maiores, deixam os nossos portos em desvantagem. Santa Catarina é um dos principais estados na questão portuária, possuindo cinco opções de recebimento e escoamento de carga ao exterior, podendo trabalhar estrategicamente na escolha do mais adequado.

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O Norte na Frente do Sul  

No norte do estado, temos o maior potencial portuário da região. São quatro portos entre Itajaí e Itapoá com características e capacidades diferentes. O mais próximo é o de Itajaí, um porto administrado pela cidade, mas que atua apenas na área privada sob a concessão da APM Terminals. No outro lado do rio, a Portonave detém mais de 50% das movimentações das cargas de Santa Catarina por ser um terminal privado com um atendimento diferenciado. O Porto de São Francisco do Sul é administrado pelo estado e especializado em granéis, principalmente nas suas áreas privadas. Do outro lado da baía da Babitonga, o Porto de Itapoá é o mais novo, com o serviço e valores mais acessíveis, tendo um grande crescimento nos últimos anos.

As Necessidades do Sul

As perdas pelo atraso logístico no sul são incalculáveis. A duplicação da principal rodovia ainda vem se arrastando ao ponto de precisar da terceira pista quando a duplicação estiver finalizada. O Porto de Imbituba é mais um exemplo desta ineficácia logística. Depois de setenta anos de concessão, onde o carvão era o único produto em foco do porto, hoje toda a economia sofre pela deficiência portuária. Desde 2013, a gestão é do estado de Santa Catarina, mas, sem recursos, não dá perspectivas de um desenvolvimento a médio prazo. Com a necessidade de usar os portos do norte, o empresário do sul catarinense tem que driblar na criatividade o maior custo do transporte rodoviário para se manter competitivo.

Importação Estratégica para Resultados Contínuos

É fato que o empresário precisa buscar as vantagens competitivas nos detalhes. Não é mais possível se acomodar na zona de conforto sem buscar a capacitação da sua empresa e dos seus funcionários pelo que é melhor. A forma de utilização dos Portos é apenas uma das questões estratégicas envolvidas nos processos de importação, já que importar não é mais diferencial. O fundamental é importar da melhor maneira, com melhores valores e no tempo certo. É tempo de não depender da oscilação cambial para importar ou exportar. É preciso colocar os negócios internacionais no planejamento estratégico.

Jornal A Tribuna, Criciúma, 19/08/2016.

Jornal A Tribuna, Criciúma, 19/08/2016.

 

A Cachaça no Mercado Internacional

O acordo feito na semana passada com o México para a proteção da cachaça é mais um passo para a promoção do produto no âmbito internacional. A partir de agora toda e qualquer cachaça vendida em solo mexicano deverá ser proveniente do Brasil. Além do México, apenas Estados Unidos e Colômbia assumem o produto como genuinamente brasileiro. Se compararmos com a Tequila, por exemplo, percebemos o quanto é possível evoluir já que esta é protegida em mais de 46 países. A consequência disso está nos números. Enquanto foram exportados 180 milhões de litros de Tequila em 2015, apenas 7 milhões de litros de cachaça tiveram suas vendas destinadas a outros países.

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Um Exemplo Clássico de Produto com Distinção Geográfica  

O caso mais conhecido de reconhecimento com denominação de origem é o Champagne. Embora popularmente conhecido como os vinhos com bolhas, somente é considerado Champagne aquele produzido exclusivamente na região de Champagne no norte da França. O acordo com o Brasil aconteceu apenas em 2013, quando o governo instituiu o termo exclusivo para os produtos oriundos da região. Desde então, os produtores de vinho espumante no Brasil são proibidos de usar o termo “Champagne” em seus rótulos, já que só é genuíno quando produzido na região de mesmo nome. Certamente, um passo importante para o desenvolvimento da imagem comercial do produto.

Os acordos que promovem internacionalmente os produtos regionalizados

Para tornar um produto com denominação exclusiva pela distinção regional, é necessário desenvolver acordos bilaterais entre os países envolvidos. No caso do México, houve um acordo mútuo para a proteção da Tequila e da Cachaça.  Certamente, para que isso aconteça em outros países, é importante fomentar a imagem do produto brasileiro internacionalmente, bem como, encontrar benefícios de contrapartida, como aconteceu na proteção do produto mexicano no Brasil. Com o envolvimento de novos países nestes acordos com a cachaça, é natural a fortificação da imagem e uma maior facilidade de entrada em novos destinos.

O Festival Cultural da Cachaça

O desenvolvimento do conceito da cachaça no mundo começa a partir da associação organizada dos produtores, do fomento governamental, mas, principalmente, da valorização regional do produto. Não é possível apresentar um produto regional para outros países se a própria região não valorizar o potencial econômico do mesmo. O Festival Cultural da Cachaça – Cores e Sabores do Brasil, que acontece nesta sexta-feira em Criciúma, pretende apresentar um cenário onde exposição, negócios, entretenimento, diversão e gastronomia possam se acomodar em harmonia. Mas principalmente promove uma discussão de profissionalização e valorização de um produto com intenso potencial econômico para a região.

Resultados de uma Oportunidade bem Aproveitada

A história da cachaça artesanal no Brasil e as experiências levadas pelos turistas internacionais colocam a bebida em um patamar de grande potencial exportador. Não é raro encontrar em outros países pessoas expressando o apreço pela bebida. Para criar uma vantagem competitiva econômica, no entanto, é preciso a intensificação da imagem através de acordos bilaterais, o desenvolvimento organizado do produto com qualidade e a valorização regional do mesmo. Com isso, certamente a região usufruirá dos resultados de uma oportunidade bem aproveitada.

Página do jornal A Tribuna, de Criciúma, do dia 3 de agosto de 2016.

Página do jornal A Tribuna, de Criciúma, do dia 3 de agosto de 2016.