Blog da UNQ

Os Portos de Santa Catarina

Toda análise de qualidade parte de um parâmetro. Tudo que é bom tem o ruim para ser embasado. E em termos globais, com o grau de concorrência intenso e uma demanda ainda insegura, é preciso dos detalhes tirar as vantagens competitivas. Na questão logística não é diferente. O empresário brasileiro sofre com as dificuldades encontradas e com a falta de expectativa dos investimentos públicos. Os portos brasileiros deixam bastante a desejar se comparados com os principais do mundo. O tempo de liberação das importações e exportações, a limitação de equipamentos de movimentação e a falta de capacidade de receber navios maiores, deixam os nossos portos em desvantagem. Santa Catarina é um dos principais estados na questão portuária, possuindo cinco opções de recebimento e escoamento de carga ao exterior, podendo trabalhar estrategicamente na escolha do mais adequado.

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O Norte na Frente do Sul  

No norte do estado, temos o maior potencial portuário da região. São quatro portos entre Itajaí e Itapoá com características e capacidades diferentes. O mais próximo é o de Itajaí, um porto administrado pela cidade, mas que atua apenas na área privada sob a concessão da APM Terminals. No outro lado do rio, a Portonave detém mais de 50% das movimentações das cargas de Santa Catarina por ser um terminal privado com um atendimento diferenciado. O Porto de São Francisco do Sul é administrado pelo estado e especializado em granéis, principalmente nas suas áreas privadas. Do outro lado da baía da Babitonga, o Porto de Itapoá é o mais novo, com o serviço e valores mais acessíveis, tendo um grande crescimento nos últimos anos.

As Necessidades do Sul

As perdas pelo atraso logístico no sul são incalculáveis. A duplicação da principal rodovia ainda vem se arrastando ao ponto de precisar da terceira pista quando a duplicação estiver finalizada. O Porto de Imbituba é mais um exemplo desta ineficácia logística. Depois de setenta anos de concessão, onde o carvão era o único produto em foco do porto, hoje toda a economia sofre pela deficiência portuária. Desde 2013, a gestão é do estado de Santa Catarina, mas, sem recursos, não dá perspectivas de um desenvolvimento a médio prazo. Com a necessidade de usar os portos do norte, o empresário do sul catarinense tem que driblar na criatividade o maior custo do transporte rodoviário para se manter competitivo.

Importação Estratégica para Resultados Contínuos

É fato que o empresário precisa buscar as vantagens competitivas nos detalhes. Não é mais possível se acomodar na zona de conforto sem buscar a capacitação da sua empresa e dos seus funcionários pelo que é melhor. A forma de utilização dos Portos é apenas uma das questões estratégicas envolvidas nos processos de importação, já que importar não é mais diferencial. O fundamental é importar da melhor maneira, com melhores valores e no tempo certo. É tempo de não depender da oscilação cambial para importar ou exportar. É preciso colocar os negócios internacionais no planejamento estratégico.

Jornal A Tribuna, Criciúma, 19/08/2016.

Jornal A Tribuna, Criciúma, 19/08/2016.

 

A Cachaça no Mercado Internacional

O acordo feito na semana passada com o México para a proteção da cachaça é mais um passo para a promoção do produto no âmbito internacional. A partir de agora toda e qualquer cachaça vendida em solo mexicano deverá ser proveniente do Brasil. Além do México, apenas Estados Unidos e Colômbia assumem o produto como genuinamente brasileiro. Se compararmos com a Tequila, por exemplo, percebemos o quanto é possível evoluir já que esta é protegida em mais de 46 países. A consequência disso está nos números. Enquanto foram exportados 180 milhões de litros de Tequila em 2015, apenas 7 milhões de litros de cachaça tiveram suas vendas destinadas a outros países.

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Um Exemplo Clássico de Produto com Distinção Geográfica  

O caso mais conhecido de reconhecimento com denominação de origem é o Champagne. Embora popularmente conhecido como os vinhos com bolhas, somente é considerado Champagne aquele produzido exclusivamente na região de Champagne no norte da França. O acordo com o Brasil aconteceu apenas em 2013, quando o governo instituiu o termo exclusivo para os produtos oriundos da região. Desde então, os produtores de vinho espumante no Brasil são proibidos de usar o termo “Champagne” em seus rótulos, já que só é genuíno quando produzido na região de mesmo nome. Certamente, um passo importante para o desenvolvimento da imagem comercial do produto.

Os acordos que promovem internacionalmente os produtos regionalizados

Para tornar um produto com denominação exclusiva pela distinção regional, é necessário desenvolver acordos bilaterais entre os países envolvidos. No caso do México, houve um acordo mútuo para a proteção da Tequila e da Cachaça.  Certamente, para que isso aconteça em outros países, é importante fomentar a imagem do produto brasileiro internacionalmente, bem como, encontrar benefícios de contrapartida, como aconteceu na proteção do produto mexicano no Brasil. Com o envolvimento de novos países nestes acordos com a cachaça, é natural a fortificação da imagem e uma maior facilidade de entrada em novos destinos.

O Festival Cultural da Cachaça

O desenvolvimento do conceito da cachaça no mundo começa a partir da associação organizada dos produtores, do fomento governamental, mas, principalmente, da valorização regional do produto. Não é possível apresentar um produto regional para outros países se a própria região não valorizar o potencial econômico do mesmo. O Festival Cultural da Cachaça – Cores e Sabores do Brasil, que acontece nesta sexta-feira em Criciúma, pretende apresentar um cenário onde exposição, negócios, entretenimento, diversão e gastronomia possam se acomodar em harmonia. Mas principalmente promove uma discussão de profissionalização e valorização de um produto com intenso potencial econômico para a região.

Resultados de uma Oportunidade bem Aproveitada

A história da cachaça artesanal no Brasil e as experiências levadas pelos turistas internacionais colocam a bebida em um patamar de grande potencial exportador. Não é raro encontrar em outros países pessoas expressando o apreço pela bebida. Para criar uma vantagem competitiva econômica, no entanto, é preciso a intensificação da imagem através de acordos bilaterais, o desenvolvimento organizado do produto com qualidade e a valorização regional do mesmo. Com isso, certamente a região usufruirá dos resultados de uma oportunidade bem aproveitada.

Página do jornal A Tribuna, de Criciúma, do dia 3 de agosto de 2016.

Página do jornal A Tribuna, de Criciúma, do dia 3 de agosto de 2016.

 

 

Indústria brasileira volta a contratar visando atender exportações

Indústria brasileira volta a contratar visando atender exportações

Mesmo com recessão interna, câmbio favorece vendas

Têxtil - Segmento

Segundo a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), de janeiro a abril, houve um crescimento nas exportações da indústria de transformação de quase 15% no comparativo ao mesmo período do ano anterior. As altas maiores foram registradas para produtos têxteis (27%), veículos automotores (18%) e máquinas e equipamentos (17%). E visando atender esta demanda, as contratações de colaboradores temporários por montadoras e demais empresas voltaram a acontecer.

Para o diretor da UNQ Import Export, Marcelo Raupp, especialista em Comércio Exterior, os números são reflexo da mudança política e econômica no país. “Após as incertezas políticas geradas pela saída da presidente, o mercado voltou à ativa. Reflexo também da desvalorização do real e do produto brasileiro mais competitivo nas negociações internacionais”, esclarece.

Balança comercial

Neste ano, os economistas já estimam que o superávit da balança comercial deve ser de US$ 50 bilhões, também favorecido pela queda das importações. Se confirmado, será o melhor resultado da série histórica. “A Argentina contribuiu com esses números a partir da retirada de medidas protecionistas pelo novo governo de Maurício Macri. Acordos com Peru e México também foram importantes para a retomada do crescimento, mesmo sem um cenário externo tão positivo”, analisa Raupp.

A Sondagem da Indústria, apurada pelo Ibre/FGV, também mostra que há otimismo dos empresários com o comércio internacional. No trimestre encerrado em maio, o indicador ficou em 104,6 pontos, praticamente estável em relação à leitura anterior. Para a demanda prevista para os próximos três meses, o indicador aumenta para 104,9 pontos – o mais alto desde novembro. Quando o índice fica acima de 100 pontos, há mais respostas favoráveis do que desfavoráveis, ou seja, mais empresários indicaram que a demanda externa está positiva.

O otimismo com o cenário internacional fica evidente porque o índice geral de confiança da indústria, que inclui a demanda interna, está em 79,2 pontos. “Apesar de os dados de demanda externa estarem caindo na ponta, há uma previsão de manutenção de um patamar de exportação para os próximos meses”, afirma Tabi Thuler Santos, economista do Ibre/FGV e coordenadora da pesquisa.