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Para onde se internacionalizar uma empresa considerando os aspectos culturais

Após o primeiro passo de decidir internacionalizar uma empresa, uma importante questão que exigirá cuidadosa análise é: para onde?

Dentre vários aspectos a serem considerados para tomar esta decisão, entender melhor as principais características culturais de um possível País de destino consiste numa variável vital para uma expansão internacional de sucesso. Mas afinal, por quê este aspecto é tão importante e o que devemos observar em dada cultura?

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Cada País possui normas sociais, cenários econômicos e culturas específicos a este ambiente, divergindo ou convergindo com outros Países em diversos graus. Isto impacta fortemente os seus mercados (como funcionam, o que buscam, etc.) e aqueles que pensam em fazer parte dos mesmos devem refletir conscientemente se esta é realmente uma opção estratégica ou não.

Se um produto ou serviço possui grande aceitação no Brasil, isto quer dizer que fará o mesmo sucesso em qualquer outra nação? E se em determinado País houver algum preconceito em relação ao que se procura comercializar? Ou será que os hábitos rotineiros de determinada população são similares aos nossos, público-alvo deste produto ou serviço? Será que gerenciar uma equipe composta unicamente por Brasileiros é o mesmo do que trabalhar com funcionários majoritariamente de outro País, enquanto atuando no mesmo?

Um dos principais autores a serem utilizados conceitos de cultura e aspectos multiculturais na área de administração é o Geert Hofstede e suas dimensões culturais. Por meio das suas seis dimensões, conforme a figura abaixo, ele facilita estes tipos de análises, podendo comparar diferentes culturas em seis diferentes (e, segundo ele, vitais) aspectos quando tratando-se do processo de internacionalização de empresas ou mesmo de negociações com empresas estrangeiras. São elas:

  • Distância do Poder (PDI)
  • Individualismo x Coletivismo (IDV)
  • Masculinidade x Feminilidade (MAS)
  • Aversão à incerteza (UAI)
  • Orientação de curto prazo x longo prazo (LTO)
  • Indulgência x retidão (IVR)
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Fonte: PINTO (2018)

Cada uma destas dimensões varia de 0 a 100, sendo 100 o maior nível possível de ser atingido. Por exemplo, organizações com alto nível de Aversão à Incerteza podem não receber muito bem propostas trazendo soluções muito inovadoras mas que não possuem mercado bem definido em seus Países (assim, havendo uma incerteza em relação a como será a sua aceitabilidade).

Além disso, possíveis parcerias podem ser perdidas caso ambas organizações difiram muito em seus níveis de Distância do Poder, havendo um conflito de interesses gerencial que pode ser fatal para este tipo de negociação.

Então devo fugir de culturas muito diferentes?

Mesmo com o fato de que grandes diferenças culturais são muitas vezes entraves para os negócios, sabendo lidar com esta situação de maneira adequada pode na verdade ser um grande ativo para a sua empresa.

Um caso pode ser observado na riqueza cultural que pode ser trazida para o quadro pessoal da organização, conforme discutido no meu último artigo, lembram-se? Outro está na familiaridade prévia com tais diferenças e similaridades culturais: uma vez sabendo o que está por vir e desenvolvendo uma estratégia bem definida de como lidar com tais diferenças, principalmente como exaltar o seu lado mais positivo, grandes benefícios poderão vir para ambos os lados.

Afinal, qual a conclusão?

Então, Busque o desconhecido, sim! Informe-se, estude, planeje. Caso a conclusão seja de que se encontrariam mais entraves do que benefícios, busque outras alternativas. Mas se, a partir deste cuidadoso planejamento estratégico, for constatado que esta improvável interação poderá trazer aspectos promissores, vá fundo (mas sempre com cautela, é claro).

Grandes resultados podem vir das fontes mais improváveis.

REFERÊNCIAS:

PINTO, Ivan. Aspectos culturais que interferem no processo de negociação com empresas chinesas. Acesso em: 26 abr. 2018.

O papel das pessoas em organizações internacionais

Empresas que operam em organizações internacionais (fisicamente ou não) enfrentam inúmeros desafios que não são encontrados quando apenas atuam nacionalmente, como choques culturais, diferentes lógicas mercadológicas, entre outras situações. Levando em conta a relativamente recente e crescente internacionalização de diversas empresas brasileiras, ainda existem muitas dúvidas em relação ao que está por vir pela frente e como lidar com estes desafios futuros.

Para que consigam prosperar nestes desconhecidos cenários, estes tipos de empresas devem saber utilizar, com inteligência, todos os seus recursos da maneira mais estratégica o possível. Com este fim, neste artigo discutiremos a importância da sábia gestão de um de seus mais importantes ativos: as suas pessoas.

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A integração digital no Mercosul

Os processos de comércio exterior, financeiros, logísticos, aduaneiros e de imigração são compostos de diversas etapas burocráticas que demandam o preenchimento de inúmeros cadastros e formulários, bem como o processamento inteligente destas informações.

Para quem não sabe, o Mercosul, Mercado Comum do Sul, têm como principais objetivos:

  • a redução das barreiras tarifárias entre os países
  • a livre circulação de bens e serviços
  • maior facilidade no trânsito de pessoas
  • o livre exercício profissional entre os países do bloco

E para que o Mercosul consiga ter sucesso na sua integração digital, é muito importante que os sistemas de gestão utilizados pelos governos, órgãos anuentes e pela iniciativa privada dos países-membro, conversem entre si. Abaixo seguem 3 iniciativas de promoção à integração que impactam diretamente o comércio internacional

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Negociação internacional: como usar a inteligência cultural a seu favor

Com a busca pela competitividade entre os diferentes setores da economia, o conhecimento aprofundado da cultura entre os países que negociam entre si, pode trazer uma grande vantagem competitiva para as empresas.

Será que podemos afirmar então que a inteligência cultural pode afetar uma negociação internacional?

Com o advento da globalização, a abertura de novos mercados trouxe-nos a possibilidade de conhecer valores, tradições, culturas e costumes muito diferentes dos que estamos habituados em nosso país de origem.

A medida que os esforços comerciais avançam para o mercado internacional, as empresas sentem a necessidade de estudar as diferenças culturais dos países com os quais negociam e esse conhecimento torna-se fundamental para o sucesso da negociação.

A habilidade de interagir e comunicar-se com as outras culturas é atualmente conceituada como “Inteligência Cultural”.

Todas as pessoas possuem habilidades para se desenvolverem culturalmente através da educação formal ou treinamento e assim potencializar a inteligência cultural, desenvolvimento esse que é tão ou até mais importante que um contrato internacional.

Você já passou por alguma situação constrangedora por não conhecer os costumes do país no qual foi visitar e desenvolver negócios?

As barreiras culturais são muitas e sem o conhecimento adquirido pela experiência e estudos, fica mais difícil conseguir ter êxito nas negociações internacionais.

Divida sua experiência conosco!

unq o mundo dos negocios maria helena souza

Entenda como o feriado chinês pode impactar as importações

Diferentemente do Brasil, que comemora a virada de ano no final de dezembro, a China comemora o ano novo em fevereiro, conforme as fases da lua e as posições do sol. O feriado chinês decorre dessa comemoração relativa à virada de ano e pode afetar de diversas formas o suprimento dos importadores ao redor do mundo, dentre eles, os brasileiros.

Oficialmente, o Governo Chinês determina uma semana de feriado, mas culturalmente esse tempo pode ser estendido para um mês. Isso acontece porque a maioria dos trabalhadores vem do interior do país e usufruem desse momento para voltar para casa e passar um tempo com a família.

Com isso, todas fábricas param em Fevereiro e não sabem ao certo o dia do retorno da operação, já que os funcionários vão voltando aos poucos. Essa parada de produção demanda uma adaptação das empresas que dependem do produto chinês e alguns cuidados devem ser tomados.

  1. 1. Programação de compra antecipada: Com a parada de um mês em fevereiro, é preciso programar bem as importações, já que muitas empresas irão antecipar seus pedidos e o lead time de produção irá aumentar.
  2. 2. Planejamento e controle de estoque: É um período que sucede os feriados brasileiros e a redução da demanda temporária pode mascarar as necessidades de estoque.
  3. 3. Dificuldade logística: Os transportes rodoviários aos terminais e portos ficam difíceis de contratação e os armazéns têm dificuldade na estufagem dos contêineres.
  4. 4. Aumento no valor do frete internacional: pelo aumento da demanda, o valor do frete internacional aumenta. Isso deve estar no planejamento orçamentário.
  5. 5. Descompromisso do Chinês na iminência do feriado: quando começa a chegar o momento do feriado, muitos chineses ficam ansiosos e podem não tratar o embarque da carga com a mesma importância que o importador.

Na minha última ida à China em Janeiro, conversei com uma chinesa sobre a expectativa do feriado.

Alisa Li tem 28 anos, é assistente comercial e mora na própria fábrica. Visivelmente emocionada, ela retratava a saudade do filho de 2 anos e a ansiedade de vê-lo. A única vez no ano que pode fazer isso é no feriado chinês. Certo ou errado? Apenas cultural.