O Comércio Exterior é uma área ampla e com muitas particularidades que nem todo o profissional atuante neste segmento tem expertise para lidar. Por isso, muitos são os casos de insucesso contados sobre importação e exportações. Com o intuito de esclarecer as dúvidas mais comuns dos empresários e empreendedores, preparamos uma série especial: “Mitos e Verdades sobre Comércio Exterior”. Confira o segundo:
MITO!
Boa parte deste conceito de que a China vende apenas produtos baratos e de má qualidade vem da falta de informação. De fato, há cerca de 20 anos, o boom dos produtos chineses no mundo trouxe produtos realmente ruins para o mercado internacional. Mas a questão estava mais baseada na diferença de cultura, na falta de conhecimento e na pouca experiência dos chineses em negociar com compradores externos. Com o tempo, o país percebeu que necessitava se adequar: aprimorou as leis trabalhistas, modernizou fábricas, assinou acordos comerciais e aprendeu a atender o comércio mundial com produtos e serviço de qualidade.
Isso quer dizer que, hoje, 100% das mercadorias chinesas são de qualidade? Não. Assim como em qualquer outro lugar, a China oferece baixa e alta qualidade. E somente com uma pesquisa acertada e o auxílio de profissionais com experiência sua empresa pode encontrar o tão desejado produto perfeito: que seja bom, bonito e barato.
Texto originalmente publicado no jornal A Tribuna, 20/9/2016, Criciúma-SC.
Ao iniciar operações de comércio exterior, organizações deparam-se com um choque cultural, pois os processos no comércio internacional são distintos do comércio nacional, gerando uma necessidade de adaptação, planejamento e automaticamente capacitação da mão-de-obra. Essa mudança comportamental dentro das empresas leva a criação de uma cultura organizacional internacionalizada.
Fatores que impactam no desenvolvimento da cultura organizacional
Alguns aspectos que diferenciam o comércio exterior do comércio doméstico promovem mudanças de postura dos colaboradores e de processos. Dentre alguns fatores importantes podemos citar:
– Operações internacionais têm normalmente prazos mais longos: maiores prazos requerem um planejamento de maior longo-prazo e acaba promovendo uma melhoria na gestão estratégica das empresas envolvidas em negócios internacionais.
– A gestão do tempo requer estar sempre monitorando o fuso horário internacional: a diferença de fuso horário entre países, faz toda a diferença no dia a dia de empresas que operam com o comércio exterior. Alguns países da Ásia chegam a ter diferença de até 11 horas com relação ao horário de Brasília. Na Europa as diferenças podem chegar a 5 horas. A definição de prioridades nas atividades deve sempre levar em conta a diferença de fuso, evitando perda de tempo nas negociações.
– A legislação brasileira difere da legislação no exterior: é fundamental entender a legislação e as normas no exterior e verificar se há necessidade de possíveis adaptações na empresa brasileira. Isto acaba gerando uma dinâmica de monitoramento contínuo das leis e normas internacionais com o intuito de evitar problemas legais e operacionais.
– Cada país oferece barreiras e subsídios distintos aos importadores e exportadores: muitas empresas deixam de utilizar subsídios do governo perdendo a oportunidade de se tornarem mais competitivos no mercado global. Em contrapartida, muitas empresas não consideram despesas específicas do comércio exterior e acabam tendo surpresas quando o custo final fica bem maior do que o planejado.
– Importante entender que existem diferenças culturais nos diferentes países: a experiência internacional dos colaboradores envolvidos é um grande ativo, pois o tempo no exterior facilita a aceitação das diferenças culturais e quebra a generalização de estereótipos. A vivência internacional é gerada quando os colaboradores têm algum tipo de exposição internacional, seja indo para o exterior ou tendo contato com estrangeiros aqui no Brasil. Por isso, a importância dos intercâmbios culturais no exterior e os estágios de estrangeiros no Brasil.
– Cultura de empresas com profissionais bilíngue ou multilíngue: A integração cultural acaba promovendo a capacitação de idiomas estrangeiro, pois o contato com pessoas que falam idiomas diferentes do português, promove o aprendizado de idiomas estrangeiros, essencial para qualquer empresa que busca participar ativamente do mercado internacional.
Texto originalmente publicado no Jornal A Tribuna, 14/09/2016, Criciúma-SC.
Muito se discute ainda se os efeitos da globalização são positivos ou negativos no mercado brasileiro. Por um lado, os pessimistas dizem que esta aproximação com os países é ruim, pois quando importamos produtos manufaturados reduzimos a necessidade de mão de obra por aqui, causando desemprego. Os otimistas, por outro lado, dizem que é positivo, já que a globalização não gera perda de mão-de-obra, mas sim uma adequação naquela existente. Ou seja, permite a capacitação e o condicionamento dos profissionais locais, o que de fato é uma verdade.
Transformando as ameaças em oportunidades
Mais do que analisar se é positivo ou negativo, é preciso assimilar que a globalização é uma realidade. Não há mais espaço para justificarmos uma falsa mão-de-obra escrava na China pelos preços que não conseguimos alcançar. É preciso transformar as possíveis ameaças da abertura de mercado em oportunidades. Afinal, a facilidade de comunicação e a aproximação comercial entre os países exigem que as empresas coloquem a importação e a exportação no seu planejamento estratégico como alternativa competitiva. Caso contrário, estarão fadadas ao atropelo das empresas com conceitos globais definidos.
Cultura Regional Enraizada
A região sul é bastante caracterizada por famílias conceituadas, de empreendedores natos, que formaram grandes impérios com o seu potencial de desenvolvimento de negócios. Pelo regionalismo presente, não é raro conhecer pessoas de gerações mais velhas questionando sobre o sobrenome, com o objetivo de encontrar alguma familiaridade. Esta cultura é muito interessante, pois torna nossas cidades mais aconchegantes. Porém, analisando pela ótica dos negócios, esse ambiente familiar distancia muitas empresas da profissionalização. É natural encontrarmos uma maior dificuldade, e até uma cautela em demasia na modernização daquilo que deu certo no passado. E talvez esta transformação é que esteja sendo a mais custosa nas empresas da região. A dificuldade de evoluir na cultura organizacional, em um mundo tão dinâmico, gera perdas muitas vezes irreversíveis.
Premiação estimula ideias de energia limpa
Além da cultura de empresas familiares, a região também sofre bastante com o atraso no desenvolvimento logístico. A falta de uma rodovia com condições de escoamento da economia e também de um porto estratégico no sul fazem com que a cultura internacional da região esteja bem atrás da cultura internacional da região norte do estado, por exemplo, o que tira certamente parte da competitividade das nossas indústrias. Se experimentarmos questionar uma criança de dez anos que mora em Blumenau sobre um container, é possível que ela dê detalhes sobre o mesmo, tratando de dimensões e utilidades. Já aqui, se fizermos o mesmo questionamento a uma criança de mesma idade, talvez esta nem saiba o que é um container. Isso, sem dúvida, contextualiza como podemos e precisamos evoluir na cultura internacional ainda.
Resultados de uma Oportunidade bem Aproveitada
O executivo atual, além da particularidade do seu negócio, precisa entender sobre finanças, contabilidade, qualidade, atendimento ao cliente, custos, dentre outras áreas, mas também precisa se dedicar à internacionalização da sua empresa. Nenhum negócio hoje está isolado do mundo. É preciso buscar nas ameaças do mercado globalizado e nas fraquezas da própria empresa, a força e o conhecimento para transformar em resultados as oportunidades eminentes.