Mito ou verdade?
Boa parte deste conceito de que a China vende apenas produtos baratos e de má qualidade vem da falta de informação. De fato, há cerca de 20 anos, o boom dos produtos chineses espalhou mercadorias realmente ruins por todo o mundo. “No passado, a China teve como base de seu desenvolvimento industrial a cópia de grandes marcas ao invés da criação de seus próprios produtos gerando o estereótipo de que fornecia apenas mercadorias piratas de baixa qualidade”, explica o especialista em negócios internacionais, Renato Barata Gomes, sócio da UNQ Import Export.
Mas esta realidade mudou. Percebendo a necessidade de adaptações para continuar o crescimento, o país passou a investir em pesquisa e inovação. “Passei um tempo na Alemanha para um mestrado e o maior número de estudantes estrangeiros era de chineses. A ideia era que eles retornassem ao país com maior capacitação para ajudar no desenvolvimento local”, conta Gomes. Além disso, com o volume de exportação para todos os cantos do planeta, o país passou a adequar os produtos de acordo com as exigências de cada mercado e aperfeiçoou muito a gestão comercial. “Isso tem facilitado o desenvolvimento de negócios com o país”, complementa.
Mão de obra
Assim como em qualquer lugar do mundo, na China, existem empresas boas e ruins. Por isso, é importante contar com profissionais que tenham conhecimento não só dos trâmites burocráticos das importações, mas também que sejam bem informados quanto às diferenças corporativas e culturais. É comum que as indústrias chinesas trabalhem aos sábados, por exemplo. Mas isso não significa necessariamente escravidão, já que os trabalhadores são remunerados por isso. Hoje, as leis trabalhistas existem no país e punições são aplicadas quando há falhas.
“Em todas as visitas que fiz a fábricas chinesas, não tive percepção de mão de obra escrava”, comenta Gomes. Porém, para ele, é sempre importante verificar os padrões de qualidade internos e externos das indústrias de lá. “Existem duas formas de se certificar que os exportadores tenham bons padrões. A primeira é buscar fornecedores que já adotam normas internacionais como ISO9001. A segunda é investir em uma viagem para visitar as empresas de interesse. Além de conferir de perto as condições de trabalho, o contato pessoal fortalece a relação comercial”, conclui.
Texto retirado do caderno O MUNDO DOS NEGÓCIOS. Solicite seu exemplar pelo email: imprensa@unq.com.br.