Blog da UNQ

Seis ações que impactarão a indústria e o comércio exterior no Brasil

Por: Renato Barata Gomes, diretor da UNQ Import Export – renato.barata@unq.com.br
Na semana passada foi realizada em São Paulo a edição de 2017 do Fórum de Investimentos Brasil 2017, reunindo líderes políticos, empresariais e acadêmicos do Brasil e do exterior. A coluna de hoje faz uma reflexão sobre alguns temas debatidos neste evento que têm impacto sobre o futuro da indústria e do comércio exterior brasileiro:

Necessidade de abertura comercial do Brasil: esta é uma mudança clara de direcionamento brasileiro quanto às políticas internacionais. O Brasil sempre foi visto como um país protecionista e resistente às negociações de acordos internacionais. O atual governo entende que o país deve fortalecer sua competitividade apoiando a internacionalização de empresas brasileiras ao invés de criar barreiras aos produtos estrangeiros. A reformulação de políticas de comércio exterior é fundamental para assegurar a estabilidade de negócios no Brasil e o desenvolvimento socioeconômico.

Reformas fiscais e cambiais: para atrair investimentos estrangeiros no Brasil tornam-se necessárias novas reformas fiscais e cambiais, isto é, redução de impostos para as indústrias brasileiras e a criação de mecanismos que busquem maior estabilidade cambial em nosso país. O crescimento da indústria nacional e a estabilidade cambial garantirão investimentos de longo prazo, menos especulação e, como consequência, maior desenvolvimento e credibilidade do Brasil no cenário internacional.

Aumento do número de acordos bilaterais e multilaterais: inserido na agenda que visa a maior competitividade internacional do Brasil está o aumento das negociações de acordos bilaterais e multilaterais no Brasil. Dentre acordos importantes, o Brasil é um dos líderes do Mercosul no desenvolvimento do acordo multilateral com a União Europeia. Além disso, apesar das dificuldades encontradas pelas mudanças na política externa norte-americana com o governo Trump, o Brasil tem interesse em estreitar o relacionamento e elaborar acordos bilaterais com os Estados Unidos.

Redução de burocracia no comércio exterior brasileiro: o Portal Único de Comércio Exterior esteve em pauta novamente no Fórum de Investimentos Brasil 2017. A plataforma tem como maior objetivo integrar os stakeholders da cadeia de valor no comércio exterior reduzindo pela metade o tempo no desembaraço aduaneiro nos processos de importação e exportação.

Plano Brasil Mais Produtivo: este plano cria um programa de capacitação para pequenas e médias indústrias na implantação de ferramentas voltadas à manufatura enxuta, buscando trabalhar a eficiência da produção, maximizando produtividade e eliminando desperdícios nos processos produtivos.

Rota Automotiva 2030: a elaboração da Rota Automotiva 2030 é um projeto que tem como objetivo recolocar a indústria automotiva brasileira no cenário das exportações globais. Para isso, são necessárias linhas de financiamento para inovação industrial que alavanquem a modernização do parque fabril automotivo, promovendo a redução do custo de produção dos automóveis produzidos no Brasil.

Cinco dicas para o sucesso de uma empresa

Por: Renato Barata Gomes, diretor da UNQ Import Export – renato.barata@unq.com.br 

Muitos dizem que é preciso ter coragem ao abrir um negócio no Brasil, devido às incertezas econômicas, políticas e às altas cargas tributárias. A coluna de hoje traz cinco dicas com o intuito de guiar quem busca o sucesso no seu negócio:

Dê atenção ao seu cliente: quanto mais próximas as empresas estiverem de seus clientes, mais elas entenderão sobre as suas necessidades e anseios. Assim, poderão otimizar seus produtos ou serviços de acordo com os requerimentos exigidos pelos clientes, aumentando a fidelização dos mesmos e dificultando a entrada dos concorrentes.

Conheça bem os concorrentes: muitas pessoas, ao abrirem seus negócios, alegam não se importarem com os concorrentes, pois a empresa que tem um bom produto não precisa saber o que seu competidor está fazendo. Ao contrário, ao monitorar os concorrentes, o empresário pode identificar os pontos fortes e os pontos fracos de seu negócio e entender em quais aspectos seus produtos e serviços podem ser melhorados.

Não misture as finanças pessoais com as finanças da empresa: este é um erro bastante comum principalmente nas pequenas empresas. Muitos empresários acabam usando o dinheiro da empresa para o pagamento de contas pessoais e de familiares. Apesar da praticidade, o grande problema é que, ao misturar as finanças, o empresário perde o controle financeiro tanto pessoal, quanto de sua empresa. Uma empresa sem controle financeiro tem grandes chance de insucesso.

Crie um bom ambiente interno para seus colaboradores: ter uma equipe unida, motivada e com valores internos alinhados é um dos grandes segredos para o sucesso de uma empresa. Um bom ambiente de trabalho proporciona o crescimento de todos os profissionais da equipe, facilita a padronização de processos e passa a credibilidade aos clientes e fornecedores de que, problemas diários dentro da empresa serão solucionados por todos através de critérios e metodologias uniformes.

Monitore os resultados da sua empresa: o monitoramento de resultados não diz respeito somente ao controle financeiro da empresa. Este, por razões óbvias, é fundamental para o sucesso da empresa, mas o monitoramento de resultados vai além dos aspectos financeiros. É muito importante que os empresários criem ferramentas de controle nos mais variados aspectos organizacionais, dentre eles: controle de processos internos, avaliação de performance dos colaboradores, processos de monitoramento de fornecedores, gestão de objetivos comerciais, controle de estoque, etc.

O desenvolvimento de parcerias pode auxiliar as pequenas empresas

Uma forma que pequenas empresas utilizam para crescer de forma enxuta é a terceirização de processos. Através do desenvolvimento de parcerias estratégicas, o empresário adquiri conhecimento especializado sem a necessidade de criar uma estrutura interna muito grande. A contratação de consultorias e assessorias especializadas em gestão podem ser uma ótima opção para as empresas que buscam desenvolver processos internos de controle.

Texto publicado no jornal A Tribuna, Criciúma, 30/05/2017.

NEGÓCIO INTERNACIONAL, BENEFÍCIO LOCAL

Importações podem aumentar arrecadação do ICMS municipal

Por: Joice Quadros

 

prefeitura criciuma impostos comércio exterior trading blog comex unq import export marcelo raupp renato barata gomes negócios internacionais icms municipal

Foto: Daniel Búrigo/A Tribuna

Criciúma está perdendo importantes recursos que poderiam ser aplicados na melhoria da qualidade de vida de sua gente. Trata-se da porção do retorno do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias – que não está chegando ao município porque muitas empresas daqui contratam tradings de fora para assessorar seus negócios internacionais.

Os municípios brasileiros são dotados de várias fontes de receitas, das quais captam recursos necessários à realização de suas funções e que objetivam entregar à população serviços e obras que promovam qualidade de vida. Como explica o Fiscal de Rendas e Tributos da Prefeitura de Criciúma, Luiz Fernando Cascaes, “a maior receita individual do Município de Criciúma é o Repasse de ICMS. De maneira simplificada, podemos dizer que a parcela pertencente aos municípios do produto de arrecadação do ICMS (25% do total arrecadado pelo Estado) é distribuída considerando o valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias realizadas em seus territórios”.

Tradings daqui

Segundo Cascaes, este ano, por exemplo, Criciúma vai receber algo em torno de 2,5 milhões de reais resultantes do valor adicionado gerado pelas tradings que atuaram no município em 2016. O valor de ICMS gerado por esta atividade é alto pois as assessorias de comércio exterior trabalham com a chamada importação por conta e ordem. Nesta operação, prevista na legislação e muito utilizada em Santa Catarina, a trading promove, em seu nome, a nacionalização das mercadorias adquiridas no exterior por outra empresa, a qual é de fato a mandante do processo, ou seja, a adquirente final.

Quando as companhias contratam serviços de Importação por Conta e Ordem de Terceiros de uma assessoria de fora do Município, o valor adicionado relativo a esta operação, e por consequência o respectivo repasse de ICMS, migra para aquele município sede da trading. “Daí, a importância de esclarecermos que os empresários podem, com uma simples mudança de procedimentos (contratando tradings de Criciúma), contribuir grandemente com o desenvolvimento de nossa cidade”, complementa Cascaes.

Ou seja, o valor arrecadado pelo município pode ser bem maior. Para tanto, basta que as empresas contratem tradings de Criciúma quando forem realizar negócios de importações. Como muitas vezes isto não acontece, e empresas locais contratam tradings de Itajaí ou Florianópolis, por exemplo, os valores do ICMS decorrentes do valor adicionado das importações daqui migram para estas cidades.

Qualidade e proximidade

De acordo com o diretor da UNQ, Marcelo Raupp, a qualidade e eficiência na prestação de serviços das tradings locais está em patamares de igualdade com as melhores do mercado. Além disso, as assessorias daqui estão muito mais perto dos clientes, podendo oferecer um suporte melhor. “Sabemos que as mudanças demandam adaptações, mas a importância deste tema para a região pode ser o motivador necessário para o empresário apostar nas tradings locais”, destaca Raupp.

Para Cascaes, a cidade só tem a ganhar contratando tradings criciumenses. “Isso beneficia a todos: a prefeitura, que vê sua arrecadação aumentar, revertendo em benefícios para a cidade; a ACIC, porque vê as empresas se fortalecendo; e as tradings porque aumentam o nível de seus negócios”, destaca. Raupp acrescenta mais um importante fator, a geração de empregos especializados no assunto. “Vemos uma geração buscando qualificação em cursos especializados em Comércio Exterior da região, mas que muitas vezes não encontra as oportunidades no mercado. Eis uma grande potencialidade para mudar este panorama também”, conclui.

Matéria publicada no caderno especial O MUNDO DOS NEGÓCIOS. Para receber sua cópia, envie email para imprensa@unq.com.br. 

O Papel das Embaixadas no Comércio Exterior

Entrevista com diplomata Benhur Viana esclarece o trabalho feito pelo Itamaraty em apoio às empresas brasileiras

Por: Renan Medeiros

Os postos do Brasil no exterior são um importante aliado para o comércio internacional – mesmo que, para os importadores e exportadores, o trabalho das embaixadas passe despercebido. Para ajudar a entender esse papel, o diplomata Benhur Viana concedeu uma entrevista ao caderno O Mundo dos Negócios, logo depois de participar da cerimônia do Dia do Diplomata, 20 de abril, com a presença do presidente da República, Michel Temer, e do ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira.

OMDN: Qual a função das embaixadas nas exportações e importações? Até onde elas podem atuar em benefício dos importadores/exportadores?

Benhur Viana: Os postos do Brasil no exterior têm papel importante no esforço exportador brasileiro. Parte do marco regulatório para os fluxos comerciais é negociado no âmbito de instituições como a Organização Mundial do Comércio ou a ALADI. Nas embaixadas, é feito também um trabalho “invisível” para o público, como o apoio à certificação de aeronaves brasileiras ou o combate a barreiras fitossanitárias aos produtos do agronegócio. Com o marco regulatório posto e falsas barreiras superadas, as embaixadas e consulados do Brasil estão abertos aos cidadãos e às empresas.

OMDN: Que apoio os postos podem oferecer às empresas brasileiras?

BH: Os setores de promoção comercial dos postos auxiliam o esforço exportador ao identificar importadores, apoiar a participação em feiras, montar agendas de trabalho em missões empresarias, divulgar estudos de mercado e ajudar na compreensão da legislação e das práticas locais. Quando surgem problemas, a intervenção ponderada da embaixada ou do consulado, dentro dos limites da legislação local e brasileira, pode dobrar “más vontades” de autoridades estrangeiras. O posto igualmente é chamado a indicar advogados confiáveis, com experiência no setor e/ou em questões que envolvem o Brasil.

OMDN: Há algum aspecto em que seja frequente os exportadores/importadores solicitarem ajuda da embaixada sem que seja função dela?

BH: Não é incomum a solicitação de apoio da embaixada ou consulado nos casos de quebra de contratos comerciais. Esses litígios devem ser resolvidos por meio das autoridades administrativas e/ou judiciárias locais. A embaixada ou consulado pode transmitir lista com dados de contato de profissionais locais, por exemplo, advogados, que mantêm contato com o posto, sem indicar profissional específico.

OMDN: O que podem as empresas fazer para evitar problemas ou tornar mais produtivos os processos que envolvam o Itamaraty?

É importante fornecer ao posto o maior número de informações sobre a companhia e os produtos e fazer consultas, idealmente, sobre questões um pouco mais específicas. A parceria com associações de classe também é importante. No exterior, ganhar mercado para o Brasil e os produtos brasileiros pode ser o resultado de ações conjuntas e, muitas vezes, de médio e longo prazo. A lógica da competição entre empresas no mercado interno brasileiro, muitas vezes, tem de ser substituída pela cooperação entre exportadores nacionais para aumentar a participação no mercado global.

Um criciumense no Itamaraty

A ideia de entrar para o Itamaraty amadureceu para Benhur Viana enquanto ele cursava a faculdade de direito, na UFSC. Tão logo concluiu a graduação, o criciumense foi aprovado em um concurso para o cargo de oficial de chancelaria, em 2002. No ano seguinte, foi aprovado em outro concurso, dessa vez para a carreira de diplomata, e ingressou no Instituto Rio Branco, a academia da diplomacia.

Encerrados os estudos e o estágio profissionalizante no Ministério de Relações Exteriores, em 2005, Viana atuou no Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty. “Essa foi minha única lotação no Ministério em Brasília antes de ser removido para o exterior. Servi nas embaixadas em Pequim (China), Estocolmo (Suécia) e Minsk (Bielorrússia). Foram nove anos fora do País”, conta o diplomata. Em fevereiro deste ano, voltou a Brasília, e desde então trabalha na Divisão de Negociações de Serviços do Departamento de Assuntos Financeiros e Serviços do Itamaraty.

Fluente em inglês, espanhol e russo, além dominar o francês – cuja fluência perdeu com a falta de prática – e com algum conhecimento de italiano e chinês, Benhur Viana relata que umas dificuldades no serviço exterior é a distância da família e dos amigos. “Outra questão que pode ser muito delicada são os desafios de adaptação a um outro país e a uma cultura muito diferente, especialmente para a família do diplomata. Além disso, adoecer em outro país é penoso e talvez seja a parte mais difícil da vida no serviço exterior”, afirma.

 

Texto originalmente publicado no caderno especial O MUNDO DOS NEGÓCIOS. Solicite sua cópia pelo email: imprensa@unq.com.br. 

Seis megatendências globais que irão impactar o mundo dos negócios até 2030

Por: Renato Barata Gomes – Diretor da UNQ Import Export – renato.barata@unq.com.br

Megatendências globais é um termo utilizado pelas principais empresas multinacionais de consultoria para identificar novos produtos, serviços e eventos com alto impacto para a sociedade em todo mundo. Estas tendências certamente influenciarão o mundo dos negócios. A coluna de hoje aborda seis megatendências e suas oportunidades para o mercado:

Envelhecimento da população: os avanços tecnológicos têm impactado significativamente na disseminação da informação em nível global. Desta forma, a expectativa de vida da população está aumentando cada vez mais e os casais de forma geral estão optando por ter menos filhos e cada vez mais tarde. Desta forma, o envelhecimento da população é uma tendência mundial. Neste sentido, as principais oportunidades de mercado estarão relacionadas a produtos e serviços para a terceira idade, fitness, e tecnologias, serviços e softwares de medicina preventiva.

Digitalização: os jovens que estiverem ingressando no mercado de trabalho em 2030, já nasceram totalmente imersos no mundo digital e com um nível de informação muito maior do que sua geração anterior. A grande tendência neste sentido é o aumento cada vez maior do mercado mobile, através da hegemonia do m-commerce, isto é, comércio eletrônico através de aplicativos para celular.

Aumento do empreendedorismo: a digitalização eleva o nível intelectual dos indivíduos e estima-se que haverá um aumento grande no empreendedorismo por oportunidade, onde pessoas identificam um problema no mercado e criam uma empresa que agrega valor oferecendo uma solução ao mercado. Na década passada, era comum jovens entrarem na faculdade com o sonho de tornarem-se gerentes de multinacionais. Atualmente, percebe-se cada vez mais jovens saindo da faculdade com intenção de abrir seu próprio negócio.

Globalização: o aumento do nível de empreendedorismo por oportunidade e o aumento da concorrência fará com que as empresas busquem cada vez mais a internacionalização como forma de expansão de mercado, fortalecimento da marca e ganhos em economia de escala. A globalização até 2030 deve ser uma realidade não só para grandes corporações, mas também para pequenas e médias empresas.

Aquecimento global: este grande problema global demandará ao mercado o desenvolvimento de produtos e serviços voltados à sustentabilidade, principalmente no que tange a redução de consumo de água, redução do consumo de energia, desenvolvimento de energias limpas, redução de resíduos e reciclagem.

Urbanização: o empreendedorismo, a digitalização e a industrialização leva ao aumento da urbanização e da concentração populacional nas cidades. Consequentemente, surgirão oportunidades nas tecnologias voltadas ao conceito smart city (cidade inteligente). Dentre algumas soluções podemos citar energia solar em fachadas de edifícios, controle de trânsito em tempo real, veículos autônomos, gerenciamento de lixo, internet das coisas em eletrodomésticos, etc.

Texto originalmente publicado no jornal A Tribuna, Criciúma, 24/05/2017.