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A preparação do Brasil para receber os estrangeiros

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Na última semana precisei fazer uma viagem de negócios a João Pessoa, Paraíba. Durante as escalas da viagem, deparei-me com a movimentação de pessoas que se deslocavam para os jogos olímpicos. Naturalmente, fiquei mais atento, tentando analisar como empresas brasileiras buscaram se preparar para recepcionar os turistas brasileiros e estrangeiros. Não quero entrar no mérito, se sou ou não favorável aos jogos olímpicos no Brasil, mas no que presenciei em termos de melhorias em infraestrutura e serviços durante esta viagem.

Pilotos e comissários de bordo melhoraram seu inglês

Ao fazer 3 escalas para chegar a João Pessoa e 2 escalas no retorno, percebi que todas as comunicações durante os voos eram traduzidas em 3 idiomas – português, inglês e espanhol. O que era nítido, no entanto, é que tanto as falas dos pilotos quanto a dos comissários, não eram com base em textos decorados, como muitas vezes presenciei em viagens anteriores. Percebi que a tripulação realmente estava preocupada em falar de forma clara e correta os textos nos idiomas estrangeiros, o que mostra pelo menos, um comprometimento das companhias aéreas em receber bem os turistas.

Melhorias de infraestrutura nos aeroportos

Em termos de infraestrutura, muito se fala que os investimentos não foram feitos e que nossos aeroportos continuam sucateados. Não foi o que presenciei na ida, tanto em Congonhas como no aeroporto de Brasília, e na volta, em Guarulhos e Porto Alegre. Brasília, principalmente, é um aeroporto moderno, confortável, limpo, com ótimo sistema de telões com informações de voo e um sistema de áudio de ótima qualidade. Não perde para aeroportos em muitos países desenvolvidos. Outro aspecto que me impactou positivamente foi a qualidade e velocidade de internet gratuita em todos aeroportos.

O brasileiro é o maior ativo do Brasil

Sem dúvida alguma, o aspecto mais interessante que presenciei durante a viagem foi que, apesar de muitos brasileiros não falarem inglês, muitas de nossas limitações são supridas pela boa vontade, amabilidade e prontidão de ajudar que nós brasileiros temos. Estava comendo uma pizza no aeroporto de Brasília e vi uma família de ingleses, marido, esposa e dois filhos. Eles estavam tendo dificuldade em pedir uma pizza, coca-cola e cerveja no guichê de um restaurante. A atendente, apesar de não falar inglês, muito atenciosa e através de mímicas, tentava ajudar. Logo em seguida, duas pessoas, percebendo a dificuldade, rapidamente se prontificaram a fazer o papel de interprete ajudando o inglês a fazer o pedido. Foi nítida a sua surpresa positiva ao ser ajudado de forma espontânea pelos brasileiros.

O maior legado olímpico do Brasil para o mundo

A maior conclusão que obtive nesta viagem, no que diz respeito ao tão falado legado olímpico do Brasil para o mundo, é que apesar de todas as dificuldades, temos em nosso DNA um carisma e um senso de ajuda ao próximo que poucos países têm. Talvez, esteja aí a grande fonte de mudança em nosso país, se buscarmos este espírito de ajuda e união, não somente nas olimpíadas, mas sim para cobrarmos mudanças em nosso país, para trabalharmos nas melhorias que tanto nos queixamos, para pensarmos mais no coletivo no dia a dia e não só nos grandes eventos.

Mitos e Verdades: “Não posso importar pois não tenho demanda para preencher um container inteiro”

O Comércio Exterior é uma área ampla e com muitas particularidades que nem todo o profissional atuante neste segmento tem expertise para lidar. Por isso, muitos são os casos de insucesso contados sobre importação e exportações. Com o intuito de esclarecer as dúvidas mais comuns dos empresários e empreendedores, preparamos uma série especial: “Mitos e Verdades sobre Comércio Exterior”. Confira o primeiro:

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MITO!

Quando se contrata o transporte marítimo para uma importação, é o importador quem decide como utilizar o container. O ideal é que o container venha com o volume máximo preenchido para que os custos fixos de importação (contratação do transporte, despachante aduaneiro, taxas alfandegárias, etc.) sejam rateados por uma maior quantidade de produto e, consequentemente,  o valor unitário da mercadoria nacionalizada seja reduzido. Mas se o volume desejado não atingir a capacidade total do container, o importador pode trazer qualquer quantidade, tendo sempre em vista o custo final unitário do produto. Afinal, a compra internacional pode ser vantajosa mesmo com a importação de pequena quantidade.

Container Consolidado

Uma alternativa que traz maior economia é o que chamamos de consolidação, ou seja, o agrupamento de várias cargas de diferentes fornecedores e/ou importadores num único container com o mesmo destino. Na prática, significa dividir o espaço do container com outros importadores. Os custos certamente serão reduzidos e o que se deve ficar muito atento nesta situação é com o tipo de carga que virá junto com a sua e com o prazo de entrega dos fornecedores para que a sua mercadoria não atrase por problemas com outras cargas.

Via aérea

Outra opção interessante é a importação via aérea. Caso o produto tenha alto valor agregado e não seja muito pesado, o transporte aéreo pode compensar. Além do fato de poder trazer pequenas quantidades, pelo modo aéreo sua carga chegará muito mais rápido.

Experiência

Seja qual for a opção escolhida, o primordial é ter ao seu lado um bom profissional de comércio exterior que possa calcular corretamente os custos de cada modal e auxilie na melhor decisão. A UNQ Import Export tem know-how e experiência para ajudá-lo em todas as etapas dos negócios internacionais. Entre em contato conosco!

Os Portos de Santa Catarina

Toda análise de qualidade parte de um parâmetro. Tudo que é bom tem o ruim para ser embasado. E em termos globais, com o grau de concorrência intenso e uma demanda ainda insegura, é preciso dos detalhes tirar as vantagens competitivas. Na questão logística não é diferente. O empresário brasileiro sofre com as dificuldades encontradas e com a falta de expectativa dos investimentos públicos. Os portos brasileiros deixam bastante a desejar se comparados com os principais do mundo. O tempo de liberação das importações e exportações, a limitação de equipamentos de movimentação e a falta de capacidade de receber navios maiores, deixam os nossos portos em desvantagem. Santa Catarina é um dos principais estados na questão portuária, possuindo cinco opções de recebimento e escoamento de carga ao exterior, podendo trabalhar estrategicamente na escolha do mais adequado.

marcelo1908

O Norte na Frente do Sul  

No norte do estado, temos o maior potencial portuário da região. São quatro portos entre Itajaí e Itapoá com características e capacidades diferentes. O mais próximo é o de Itajaí, um porto administrado pela cidade, mas que atua apenas na área privada sob a concessão da APM Terminals. No outro lado do rio, a Portonave detém mais de 50% das movimentações das cargas de Santa Catarina por ser um terminal privado com um atendimento diferenciado. O Porto de São Francisco do Sul é administrado pelo estado e especializado em granéis, principalmente nas suas áreas privadas. Do outro lado da baía da Babitonga, o Porto de Itapoá é o mais novo, com o serviço e valores mais acessíveis, tendo um grande crescimento nos últimos anos.

As Necessidades do Sul

As perdas pelo atraso logístico no sul são incalculáveis. A duplicação da principal rodovia ainda vem se arrastando ao ponto de precisar da terceira pista quando a duplicação estiver finalizada. O Porto de Imbituba é mais um exemplo desta ineficácia logística. Depois de setenta anos de concessão, onde o carvão era o único produto em foco do porto, hoje toda a economia sofre pela deficiência portuária. Desde 2013, a gestão é do estado de Santa Catarina, mas, sem recursos, não dá perspectivas de um desenvolvimento a médio prazo. Com a necessidade de usar os portos do norte, o empresário do sul catarinense tem que driblar na criatividade o maior custo do transporte rodoviário para se manter competitivo.

Importação Estratégica para Resultados Contínuos

É fato que o empresário precisa buscar as vantagens competitivas nos detalhes. Não é mais possível se acomodar na zona de conforto sem buscar a capacitação da sua empresa e dos seus funcionários pelo que é melhor. A forma de utilização dos Portos é apenas uma das questões estratégicas envolvidas nos processos de importação, já que importar não é mais diferencial. O fundamental é importar da melhor maneira, com melhores valores e no tempo certo. É tempo de não depender da oscilação cambial para importar ou exportar. É preciso colocar os negócios internacionais no planejamento estratégico.

Jornal A Tribuna, Criciúma, 19/08/2016.

Jornal A Tribuna, Criciúma, 19/08/2016.

 

O planejamento logístico para os jogos olímpicos Rio 2016

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Ao assistirmos aos jogos olímpicos pela televisão, muitas vezes não paramos para refletir sobre a dimensão da complexidade logística necessária para garantir o sucesso dos jogos. A olimpíada visa tanto o conforto dos mais de 1 milhão de turistas que visitam nosso país, quanto a entrega de uma infraestrutura de qualidade aos 15 mil atletas olímpicos e paraolímpicos provenientes de mais de 200 países. Durante a Rio 2016, estima-se a movimentação de milhares de itens, como por exemplo, mais de 7,5 milhões de ingressos, 36 mil bagagens dos atletas e de todo o staff envolvido na operação, 980 mil partes de equipamentos esportivos, 5 mil medalhas de premiação, equipamentos de transmissão televisiva, móveis e aparatos para os locais de competição e não competição – 120 mil cadeiras, 30 mil camas, 30 mil colchões, 25 mil mesas, 18 mil sofás, 300 quilômetros de alambrado, 8 mil amostras antidoping, entre outros itens.

O modelo de importação temporária é amplamente utilizado na Rio 2016

Muitos dos itens necessários durante as olimpíadas são de origem estrangeira e precisam entrar no país temporariamente durante o período dos jogos, para depois retornarem ao país de origem. Para esse tipo de situação, existe um modelo de importação conhecido como admissão e exportação temporária de bens. Visando os jogos olímpicos, a Receita Federal publicou em dezembro de 2015 a Instrução Normativa RFB 1.602, que rege a importação temporária de bens para exercício de atividade profissional, para uso e consumo pessoal, bem como destinados a eventos esportivos, simplificando o processo burocrático na importação destes itens que entrarão no Brasil para serem utilizados durante os jogos Rio 2016.

Importações de alta complexidade nos jogos Olímpicos

O tiro esportivo, durante as Olimpíadas Rio 2016, demanda operações logísticas de alta complexidade. Armas de fogo e munição são itens de alto controle, e como consequência, exigem maior burocracia nos trâmites de importação. Todas as importações deste tipo de item são controladas pelo exército brasileiro e pela receita federal. O intuito é garantir o controle da origem, posse e destinação destes itens visando a segurança do país.

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Benefícios para a importação de artigos esportivos

A lei nº 10.451, sancionada em 2002, teve um impacto positivo aos atletas que buscam se preparar para competições de alto rendimento, tanto no âmbito nacional quanto internacional. Esta lei possibilita a nacionalização equipamentos esportivos com isenção do Imposto de Importação (II) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), desde que o item não tenha similar nacional. Nos casos em que o artigo internacional tenha produção similar no Brasil, o atleta ainda poderá importá-lo com isenção do IPI. Algumas confederações, como por exemplo a do atletismo, tiro esportivo e vela, já utilizam deste benefício com maior frequência. Entretanto, muitos atletas ainda não usufruem destes benefícios por desconhecimento da lei.

Jornal A Tribuna, Criciúma, 10 de agosto de 2016.

 

 

A Cachaça no Mercado Internacional

O acordo feito na semana passada com o México para a proteção da cachaça é mais um passo para a promoção do produto no âmbito internacional. A partir de agora toda e qualquer cachaça vendida em solo mexicano deverá ser proveniente do Brasil. Além do México, apenas Estados Unidos e Colômbia assumem o produto como genuinamente brasileiro. Se compararmos com a Tequila, por exemplo, percebemos o quanto é possível evoluir já que esta é protegida em mais de 46 países. A consequência disso está nos números. Enquanto foram exportados 180 milhões de litros de Tequila em 2015, apenas 7 milhões de litros de cachaça tiveram suas vendas destinadas a outros países.

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Um Exemplo Clássico de Produto com Distinção Geográfica  

O caso mais conhecido de reconhecimento com denominação de origem é o Champagne. Embora popularmente conhecido como os vinhos com bolhas, somente é considerado Champagne aquele produzido exclusivamente na região de Champagne no norte da França. O acordo com o Brasil aconteceu apenas em 2013, quando o governo instituiu o termo exclusivo para os produtos oriundos da região. Desde então, os produtores de vinho espumante no Brasil são proibidos de usar o termo “Champagne” em seus rótulos, já que só é genuíno quando produzido na região de mesmo nome. Certamente, um passo importante para o desenvolvimento da imagem comercial do produto.

Os acordos que promovem internacionalmente os produtos regionalizados

Para tornar um produto com denominação exclusiva pela distinção regional, é necessário desenvolver acordos bilaterais entre os países envolvidos. No caso do México, houve um acordo mútuo para a proteção da Tequila e da Cachaça.  Certamente, para que isso aconteça em outros países, é importante fomentar a imagem do produto brasileiro internacionalmente, bem como, encontrar benefícios de contrapartida, como aconteceu na proteção do produto mexicano no Brasil. Com o envolvimento de novos países nestes acordos com a cachaça, é natural a fortificação da imagem e uma maior facilidade de entrada em novos destinos.

O Festival Cultural da Cachaça

O desenvolvimento do conceito da cachaça no mundo começa a partir da associação organizada dos produtores, do fomento governamental, mas, principalmente, da valorização regional do produto. Não é possível apresentar um produto regional para outros países se a própria região não valorizar o potencial econômico do mesmo. O Festival Cultural da Cachaça – Cores e Sabores do Brasil, que acontece nesta sexta-feira em Criciúma, pretende apresentar um cenário onde exposição, negócios, entretenimento, diversão e gastronomia possam se acomodar em harmonia. Mas principalmente promove uma discussão de profissionalização e valorização de um produto com intenso potencial econômico para a região.

Resultados de uma Oportunidade bem Aproveitada

A história da cachaça artesanal no Brasil e as experiências levadas pelos turistas internacionais colocam a bebida em um patamar de grande potencial exportador. Não é raro encontrar em outros países pessoas expressando o apreço pela bebida. Para criar uma vantagem competitiva econômica, no entanto, é preciso a intensificação da imagem através de acordos bilaterais, o desenvolvimento organizado do produto com qualidade e a valorização regional do mesmo. Com isso, certamente a região usufruirá dos resultados de uma oportunidade bem aproveitada.

Página do jornal A Tribuna, de Criciúma, do dia 3 de agosto de 2016.

Página do jornal A Tribuna, de Criciúma, do dia 3 de agosto de 2016.