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A solução tem sido alugar o Brasil

Os problemas de infraestrutura no Brasil são pautas constantes pela ineficiência que eles promovem às empresas. Por isso, temos ouvido bastante sobre programas de concessões que o governo tem trabalhado para estimular o desenvolvimento. Mas o caro leitor já pensou o que quer dizer este programa de concessões?

A constituição brasileira, em seu art. 21, trata dos serviços que são de responsabilidade da União, ou seja, o governo federal. Dentre eles, estão a infraestrutura aeroportuária, os portos marítimos, fluviais e lacustres, os serviços de transporte rodoviários de passageiros e os serviços de transporte ferroviários. Sem condições próprias de investimentos nestas áreas, o governo tem procurado parceiros interessados neste investimento e na exploração do serviço através destas concessões, permitidos pela constituição no mesmo artigo. Na prática, este programa de concessões objetiva encontrar parceiros que possam fazer aquilo que o governo não consegue.

O Porto de Itajaí, por exemplo, possui a parte de administração pública e a parte de administração privada, essa segunda através da concessão para um grupo dinamarquês. Pela diferença de condições, praticamente todos os processos atracam pela parte privada. E isso temos visto em grande parte da condição atual, em diferentes grupos de investidores, e é o que se direciona para o futuro.

A parte positiva é que é possível compensar a ineficácia governamental com investimentos internacionais privados. O ponto negativo é que o foco dos investidores não é exatamente o desenvolvimento do país, mas sim os seus próprios lucros, o que limita as expectativas no crescimento econômico. É a mesma coisa, caro leitor, quando é preciso fazer melhorias no apartamento alugado. Há sempre uma análise de ganho e perda sobre o valor investido. E é isso que tem acontecido com as concessões na exploração da infraestrutura brasileira. Os grupos privados de investidores buscam o lucro e não o desenvolvimento. Como já dizia o Raul Seixas, a solução tem sido alugar o Brasil. O problema é o preço pago!

Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

Varrendo para baixo do tapetekowski

No mês passado, comentamos aqui sobre a redução nas exportações de carnes brasileiras. Desde então, o Governo tem se empenhado em tratativas paralelas para poder aumentar o apelo comercial e reduzir as barreiras fitossanitárias. No mês de março, anunciaram o fim do embargo à carne brasileira Iraque, Africa do Sul, Arábia Saudita e China, os quais devem resultar positivamente em breve.

Na contramão, durante a semana passada, a Rússia anunciou que vai embargar a carne brasileira proveniente de alguns frigoríficos por não atenderem as necessidades do governo russo. Estão na lista frigoríficos como JBS, Mafrig e BRF. O lado bom é que nenhum frigorífico catarinense entrou nesta proibição de exportação para o mercado Russo.

O mais estranho é perceber que o embargo acontece bem no momento em que as importações de carne brasileira na Rússia já tinham sido reduzidas de forma intensa e as expectativas no Brasil eram de aumento dos números. Sabemos que há problemas econômicos sérios na Rússia causada também pela queda do preço internacional do petróleo, mesmo com a leve recuperação nas últimas semanas. Ou seja, a inspeção no Brasil acontece logo quando o volume comprado é pequeno e as condições de compra na Rússia não são as melhores, o que é realmente estranho.

Aparentemente, a faxina de melhorias na Rússia tem o objetivo de passar parte da sujeira econômica para debaixo do tapete do vizinho, no caso, o Brasil. Afinal, estas imposições a frigoríficos específicos parecem justificativas para trocar o centro das atenções dos problemas naquele país e trazer para o nosso. Agora, convenhamos, haja tapete por aqui.

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Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

Os Descaminhos Legais dos Impostos Brasileiros

Claro que a oscilação cambial não é mais surpresa no dia a dia. O que nos surpreende ainda são dados e pesquisas econômicas que vão contra a nossa expectativa. Esta semana, por exemplo, dois dados divulgados surpreenderam pela relevância dos números. O primeiro dado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, mostra que o Brasil é o país que cobra imposto mais caro e que menos dá retorno à população, o que de certa forma, já era esperado pelo brasileiro.

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O segundo vem da Conference Board, instituto americano, que diz que um trabalhador americano produz a mesma coisa que quatro brasileiros juntos. Ou seja, a produtividade do americano é quatro vezes maior que a do trabalhador brasileiro, calculado através da relação entre PIB e o número de empregados. A pesquisa ainda mostra que 1 coreano equivale a 3 brasileiros e que 1 chileno equivale a 2 brasileiros.

Claro que a primeira informação não é tão surpreendente, já que a alta carga tributária sem contrapartida do governo está no nosso dia a dia. A surpresa maior está na relação das duas informações, já que os dados de produtividade refletem o baixo índice educacional no Brasil, a falta de qualificação da mão de obra, os gargalos na infraestrutura e os poucos investimentos em tecnologia no pais.

Se os impostos fossem utilizados de maneira correta, retornando ao povo como educação, pesquisa e infraestrutura, além claro de saúde e segurança, com certeza, estes números seriam bem melhores.

Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

Um Novo Alfinete Colorido no Mapa

A alta do dólar também tem atrapalhado os planos de quem tem intenção de viajar para o exterior. No final da semana passada, o Banco Central divulgou os dados do turismo no período de janeiro a abril de 2015. Nestes quatro meses, os gastos com viagens internacionais dos brasileiros caíram 16% com relação aos mesmo período do ano passado. Entre os meses, pior resultado é o de abril que teve uma redução de 30% se comparado com 2014.

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Pensando nisso, as empresas aéreas vêm tentando aliviar o bolso do consumidor com promoções, principalmente para voos para os Estados Unidos. Nos sites especializados em busca de passagens, é possível encontrar voos de até 700 reais para trechos entre São Paulo e Miami, ida e volta. A média de valores, no ano passado, era de 2000 reais pelo mesmo trecho.

Além de utilizar as ferramentas de pesquisa online para comprar passagens e reservar hotéis, negociar bem a troca de reais pela moeda americana é uma opção para economizar nas viagens. O Banco Central disponibiliza online o Ranking do Valor Efetivo Total, ou VET, que traz o valor médio em que o dólar foi negociado nas Instituições de Câmbio do país no último mês e também indica as Casas e Bancos que cobram menos. O Ranking VET pode ser encontrado no site do Banco Central, em www.bcb.gov.br.

Claro que, em tempos de economia em recessão, é muito mais difícil fazer uma viagem internacional. Entretanto, do mesmo modo como acontece nas importações, o aumento do dólar por si só não é impeditivo. É preciso planejar (com mais antecedência, os valores são melhores), buscar alternativas, pesquisar a realidade e, se for o caso, adequar o destino. Eu sempre digo que um alfinete colorido novo no mapa é um aprendizado decorativo na própria vida.

Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

Os Primeiros Passos na Importação

Despertando o interesse na importação.

                Muitas empresas têm interesse em começar a importar de forma direta por diversos motivos: compram produtos de distribuidores nacionais mas possuem volume para fazer importação direta, precisam adquirir produtos não fabricados no Brasil, têm interesse em distribuir produtos fabricados em outros países, compram produtos nacionais mas gostariam de buscar similares importados com preços mais acessíveis. Existem muitas formas para se desenvolver um programa de importação, mas muitas empresas não sabem por onde começar.

Quero importar! Por onde devo começar?

                O primeiro passo a ser dado pelas empresas que querem começar a importar, é desenvolver uma parceria sólida com empresas especializadas. Existem no mercado as chamadas comerciais importadoras e exportadoras, popularmente conhecidas como Trading ou Trading Company. Estas empresas irão inicialmente fazer um diagnóstico do perfil da empresa com o objetivo de entender as reais necessidades e oportunidades, analisando se realmente vale ou não a pena desenvolver um programa de importação.

Foi identificado que tenho perfil para importação. E agora?

                Uma vez identificado que a empresa tem o perfil para importação, a próxima etapa é a prospecção de potenciais exportadores que atendam às necessidades comerciais e de qualidade requeridas pelo futuro importador. Após a seleção dos exportadores, faz-se necessário realizar uma estimativa de custo de importação, isto é, conhecer as condições comerciais ofertadas pelos exportadores e adicionar todas as despesas necessárias para que o produto chegue até a empresa do importador brasileiro, tais como impostos incidentes na importação, despesas logísticas, despesas de despacho aduaneiro e despesas portuárias.

Foi analisado que é viável importar. Agora é só colocar o produto no contêiner e trazer?

                Mesmo que a análise de viabilidade econômica apresente-se favorável, é muito importante analisar se o produto a ser importado precisa da anuência de órgãos como Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), entre outros. Muitas empresas não fazem esta análise prévia e acabam tendo muita dor de cabeça quando o produto chega ao Brasil. Por exemplo, brinquedos precisam da anuência do INMETRO. Se uma empresa importa brinquedos sem que os mesmos estejam homologados pelo órgão, eles não poderão ser nacionalizados, gerando prejuízos enormes ao importador, já que este tipo de homologação é um processo minucioso e demorado.

Realizei as análises de custo e a análise dos órgãos anuentes. Agora posso começar a importar?

                Ainda não… Toda empresa que deseja iniciar a importar, deve estar habilitada no RADAR e possuir acesso ao Siscomex. O RADAR é um cadastro realizado junto à Receita Federal do Brasil que permite pessoas físicas e jurídicas realizarem operações de comércio exterior. O Siscomex é o sistema utilizado pela Receita Federal para gerenciar as transações de importação e exportação. As empresas comerciais importadoras, juntamente com escritórios de contabilidade, podem auxiliar os futuros importadores a realizarem estes cadastros.

Agora sim! Os passos iniciais para iniciar a importar foram dados. Bons negócios!