Blog da UNQ

A importação ainda vale a pena?

Mesmo com a alta significativa da moeda americana nos últimos meses, a importação continua sendo uma boa alternativa para as empresas em uma economia com a crise que temos visto. Em alguns casos, os custos de importação são tão menores que, mesmo com o aumento do dólar, ainda é vantajoso trazer de fora do país. Em outros casos, além do menor custo, pode-se encontrar produtos com maior valor agregado e incrementar o mix de produtos com um material diferenciado.

bild15

E isso não é algo restrito ao Brasil. Outros países também têm passado por situações parecidas por esta oscilação cambial. Pela desvalorização do Euro, por exemplo, muitas grifes europeias têm visto seus produtos ficarem mais baratos para americanos e chineses, que mantiveram a força da sua moeda. Para não prejudicar a marca com produtos mais baratos no mercado, as grifes têm aumentado seus preços. Assim, evitam que a marca perca valor nestes países com maior potencial de compra atual.

O valor da marca adquirido deve ser tratado com bastante cautela nestes períodos de insegurança econômica e variação cambial. Muitas vezes, na expectativa de aumentar as vendas, as empresas reduzem o preço dos seus produtos. Esta redução pode resolver pontualmente o faturamento, mas também pode sacrificar a marca com uma perda de valor na percepção de seus consumidores.

Por isso, é importante considerar sempre custo e valor de produto na hora de importar e de vender. A identidade da marca é o maior ativo que a empresa pode ter e valorizar em tempos de crise é um desafio e tanto. No final das contas, um jacarezinho na camiseta não vale nada até entendermos o valor da marca.

Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

 

Pouca Soja e Muito Câmbio

Com este dólar mais alto, alguns mercados têm demonstrado características interessantes. Para Santa Catarina, a soja é um produto importante e tem ganhado nas exportações com este aumento. Em reais, a soja superou produtos como motores e tabacos, ficando atrás apenas do frango nas exportações de Santa Catarina em 2015 com mais de USD227 milhões (até abril).

Mesmo com um preço internacional em queda, o aumento do dólar tem compensado e elevado os resultados das exportações. Desde 2012, o preço da soja na bolsa caiu quase 50%. Na outra ponta, o dólar valorizou mais de 60% no mesmo período. Ou seja, o produtor não tem vendido bem a soja, mas tem vendido bem o câmbio. Em geral, estima-se a perda de R$10,00/saca com a queda do preço e o ganho R$20,00/saca pela alta do dólar, o que faz a arrecadação da commodity ter valores representativos nos negócios do estado. No Brasil, para se ter uma ideia, 2015 é o ano que menos se vendeu em dólares. Entretanto, é o ano que mais se arrecadou em reais desde 2011. Resultados da queda do preço da soja e do aumento do dólar.

Soja

Um fator negativo, que é pauta periódica, é o problema logístico que tira a competitividade do exportador de soja brasileiro. Conforme a Confederação Nacional de Transportes (CNT), são necessários R$195 bilhões em 250 projetos para que haja uma adequação eficaz em todos os modais. Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa o 122º lugar em rodovias, que o nosso principal meio de transporte. A CNT ainda afirma que há uma perda anual de quatro milhões de toneladas de soja pela má qualidade do pavimento das rodovias.  Aqueles grãozinhos que caem no parabrisa do seu carro, caro leitor, representam parte desta perda. E, nesse caso, é de grão em grão, que a galinha tem esvaziado o papo.

Por era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

Por que as exportações são tão importantes no momento atual?

Como o novo patamar do dólar, praticado desde fevereiro, não gerou o aumento natural das exportações como se esperava, o governo tem feito diferentes ações para estimular a economia brasileira através do comércio internacional. A ideia é simples: temos um sério problema de falta de consumo no Brasil. Ou seja, as pessoas têm consumido pouco. Com isso, as empresas brasileiras têm dificuldade de vender e consequentemente de se manterem no mercado, gerando desempregos.

Por isso, é necessário buscar consumidores fora do Brasil. Se as empresas produzirem mais para atender o mercado internacional, naturalmente serão gerados empregos. Com seus empregos de volta, o brasileiro volta a consumir mais e a economia tende a crescer, condicionando as empresas a aumentarem suas atividades. Ou seja, exportar é a solução encontrada pelo governo para a condição atual, o que justifica tanta expectativa e tanto trabalho direcionado às exportações.

Baseada nisso, esta semana, a presidente Dilma viaja para o México na expectativa de aproximar os países e apresentar os programas de exportação brasileiros. Durante o mês, já esteve com representantes da China e do Uruguai, bem como, anunciou intenções de avanços com a União Europeia. No final de junho, ela deve se encontrar com o presidente americano com o mesmo objetivo.

Com essa aproximação a potenciais países, um programa de incentivo à exportação deve ser lançado no próximo mês pelo governo e entidades como Apex e Abimaq já trabalham neste sentido também. Ou seja, o governo tem trabalhado todos os aspectos macro a fim de estimular as empresas a escoarem sua produção no exterior para gerar o ciclo de economia crescente sobre o qual falamos anteriormente.

Para atingir a solução encontrada pelo governo, no aspecto micro, as empresas que quiserem exportar devem se adequar, buscando capacitação para voltar ou entrar no mercado internacional. Para isso, o planejamento e o conhecimento são fundamentais. Na condição atual, não há espaço para erros. Afinal de contas, não adianta utilizar dos mecanismos que o governo tem criado e investir milhões de reais para vender carne de vaca na Índia. Além de não vender, a empresa ainda incorrerá em um crime local. Nesses momentos, cada um precisa fazer bem a sua parte.

Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

 

Não se compra confiança na internet

Outro dia, recebi uma ligação com uma dúvida de um importador sobre os custos de uma impressora que ele tinha importado e estava no porto aguardando os pagamentos para a nacionalização. Segundo ele, o irmão tinha feito uma importação igual, mas ele queria saber detalhes do que estava sendo cobrado dele.

Solicitei então que ele me enviasse a previsão dos custos, informados pela empresa que estava o ajudando no processo. Com a análise feita, dentre outras coisas, questionei sobre o valor de R$20.000,00 para pagamento de demurrage (uma taxa extra de utilização do container além do tempo permitido depois da chegada no Porto).

Por ser, então, uma taxa que começa a ser gerada depois de algum tempo da chegada, minha primeira pergunta foi quanto tempo o container já havia chegado, por ter gerado um valor tão grande de demurrage. Para minha surpresa, o navio não tinha atracado no porto ainda. Ou seja, a empresa que estava assessorando se utilizava da falta de conhecimento para tirar vantagem nos valores. E este é apenas um exemplo de tantos que vemos por aí.

Por isso, quando se pretende atuar no cómercio exterior, a garantia profissional, o conhecimento nas atividades, bem como, a confiança pessoal são fundamentais para o sucesso no negócio. Prostituir a busca de assessoria com o melhor preço pode ser muito mais caro do que uma falsa pechincha. Um dos mestres que tive na vida, José Celso Barbosa, sempre me disse que “o conhecimento a gente compra na internet. A confiança nas pessoas, não.”

Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br

Juros tão altos por quê?

Especialistas vêm afirmando que a taxa básica de juros brasileira deve continuar aumentando, mesmo sendo a maior taxa real de todo o mundo. Mas por que juros tão altos? Basicamente, o objetivo é o controle da inflação e a tentativa de aproximá-la à meta estipulada. A estratégia de controle de inflação é baseada em dois aspectos como 1) o controle de demanda através de créditos mais caros e 2) a concorrência internacional através de um dólar mais competitivo.

campeao taxa juros iotti

Quando o governo aumento os juros, naturalmente, fica mais difícil conseguir dinheiro emprestado para consumir. Com isso, há uma redução nas compras e as empresas têm mais dificuldade de aumentar os preços de seus produtos, o que segura o aumento da inflação. O problema é que a inflação atual não é causada pelo excesso de demanda, de consumo. A inflação atual é gerada pelo aumento dos impostos e dos itens básicos como energia e esta estratégia busca reduzir uma demanda já em crise.

No outro lado, com o aumento de juros, busca-se estimular a vinda de investimentos estrangeiros, o que aumenta a disponibilidade de dólar no mercado brasileiro, reduzindo o valor da moeda americana. Com um dólar em um patamar menor, as importações são estimuladas e as empresas brasileiras concorrem com produtos internacionais, dificultando o aumento dos preços e assim controlando a inflação. Ou seja, com o aumento dos juros, o governo busca o controle da inflação reduzindo o poder de consumo e aumentando a concorrência internacional.

Traduzindo, o governo aumenta a sua arrecadação e promove o aumento de custos, porque não consegue gerir trilhões de impostos já existentes, e busca compensar em detrimento da condição produtiva e econômica das empresas do país. Para termos uma ideia, na Suécia, os juros atuais são negativos. É isso mesmo! Para estimular o consumo dos cidadãos e evitar uma deflação, o governo paga para que as pessoas e as empresas peguem dinheiro emprestado. Quanta ironia!

Por ora era isso! Na Zdrowie!

Marcelo Raupp
marcelo.raupp@unq.com.br